Gávea
Quase Leblon
Quase São Conrado
Sempre Arte
Ana Baird, e sua diva. Este doce de mulher enlouquecerá de paixão
sob nossos olhos
" Mulher Chave de Cadeia, s.f.: deliciosamente charmosa, ciente de do poder que tem nas mãos. Imatura, instável, insegura, ciumenta, com graves tendências a encrencas e confusões" (papodehomem.com)
Vamos lá, caríssimos. Tem
gente que diz que é comediante, e não é. Que é atriz, e não é. Que é cantora, e
não é. Ana Baird não diz, mas poderia, porque é tudo isso, e de mão cheia. E
principalmente, ela tem a marca inconfundível das grandes atrizes - não teme o ridículo. Ao contrário. Topa o desafio de
ser ridícula, e se sai bem, muito bem nessa jogada.
Ela entra em cena e sem
proferir palavra a platéia já começa a rir. Sua imagem é engraçada. Muda, é
engraçada. É dramática, é figura, é posuda, é exagerada. Overseized, o que a
torna ainda mais impactante. E quando canta, ela assusta. É a voz de uma diva. Com
um vestido vermelho lindíssimo, assinado pela figurinista Alessandra Sombreira,
La Baird encarna uma crooner, uma cantora, uma chansoniére, lo que quieras, e
nos contará sua mais recente história de amor entre lágrimas, drinks e .... músicas.
Somente canções. Não há palavra em seu texto que não seja palavra
cantada.
O bom gosto do repertório
escolhido e a alta qualidade dos músicos garantem a graça do espetáculo, e a
ordem em que as músicas vão sendo apresentadas tem a lógica dos casos de amor,
se narrados fora de ordem! Sim. (e lá o
amor tem ordem?) Ela já entra no palco sofrida, embriagada, mal humorada, a
coisa acabou de descer pelo ralo, percebe-se pelo seu mau humor. Insuportável.
Fuzila a banda, e que banda. Enchem o teatro com notas lindas, melódicas,
grandiosas, enquanto a fera ferida afunda cada vez mais, em mais desespero e
mais bebida.
A pessoa enlouquece,
arranca os cabelos, a maquiagem, se joga no chão. Parece levantar-se, e eis que
o sujeito indeterminado volta para o seio da amada. Não ouve conselhos, avisos,
amigas. Aceita o traste de volta. Sabemos como isso terminará. Em mais bebida, mais doideira, e mais
estress. Até o triunfo final: a libertação.
Viram como é possível? Taí. O talento da atriz e a potência de suas interpretações me convenceram que foi assim. Pode ser, ou não, Talvez ela tenha exagerado na dose, e visto o romance com lente de aumento. Visto também seu desespero com lente de aumento. E é um desespero crescente, em subida íngreme. No decorrer da peça, tudo em Ana Baird vai ficando fora de ordem - cabelo, maquiagem, vestido, colar, microfone. O palco, a bolsa e a alma estão tresloucadas. . A sanidade de sua crooner comprometidíssima a cada capítulo cantado desta saga de amor e sofrimento.
Viram como é possível? Taí. O talento da atriz e a potência de suas interpretações me convenceram que foi assim. Pode ser, ou não, Talvez ela tenha exagerado na dose, e visto o romance com lente de aumento. Visto também seu desespero com lente de aumento. E é um desespero crescente, em subida íngreme. No decorrer da peça, tudo em Ana Baird vai ficando fora de ordem - cabelo, maquiagem, vestido, colar, microfone. O palco, a bolsa e a alma estão tresloucadas. . A sanidade de sua crooner comprometidíssima a cada capítulo cantado desta saga de amor e sofrimento.
Melhor para nós,
espectadores ansiosos por gargalhadas.
Temos uma caricatura de excelente traço diante de nossos olhos, viva,
cantando, e agradando em cheio os nossos ouvidos. Ela vai de Maysa a Jorge Aragão, passando por
Chico Buarque e Betânia. As internacionais são maravilhosas - Cry me a River,
The Lady is a Tramp, e, claro I´ll Survive, de Glória Gaynor. Incorpora pombas giras, ciganas, Maria
Callas, Greta Garbo, Judy Garland, Dolores Duran. Todas ali, dentro daquele vestido vermelho,
soltando alto a voz, e se rasgando de paixão.
Acho, sinceramente, que
nunca mais vou sofrer por amor. Cada vez que eu me lembrar desta Chave de
Cadeia, eu vou é chorar de rir.
Ana Baird, e o desespero que precede o caos - a mulher é uma avalanche
Nenhum comentário:
Postar um comentário