Rio
Sei lá mais onde
Vamos enxergar... aos pouquinhos... cada um a seu tempo
Queixo-me tanto, e por vezes acho que estou ficando impaciente, irritada.
Engano. Antes assim.
Não parece-me possível que certas pessoas estejam sempre satisfeitas; estas criaturas sorridentes e cantantes a quem o mundo agrada por demais - há algo errado aí. Iludem-se.
O mundo, caríssimos, é injusto e cruel. Precisamos percebê-lo assim.
Deixe doer. Tenha a honra de inconformar-se; impulsionará seus pés para terrenos mais firmes, para o terreno das conquistas verdadeiras, construídas sobre a realidade.
Se náo enxergarmos os problemas, eles crescem. Tomam conta do solo e subsolo da vida. Sobem como a hera no muro.
Problema é coisa peculiar, que precisa de sigilo para crescer e multiplicar.
Quando exposto à luz, parece minguar. Sei lá, parece que ao ar livre seca, murcha; do contrário, às escondidas, aumenta. Forte e invisível a olho nu.
Sim. Cada vez que tentamos náo enxergar, náo incomodar, não reagir, alimentamos os problemas com a vitamina da omissáo.
Deixe o olho arder. Incômodo preço do movimento, coçar, agoniar, chorar. Lacrimejar e expulsar as inconveniências de nossa vida, tal como a lágrima expulsa o cisco. Neguemo-nos, terminantemente, a conviver com o que é ruim.
Olhos que só vêem justificativas e esperança, são os olhos dos enganados. Esses olhos náo servem de guia. Não vêem o mal do Homem, o mal que é nosso, está no sangue e na carne, por dentro. Precisamos de olhos atentos, de Raio X, e sugiro começarmos pelo nosso próprio umbigo.
Olhos abertos para o que está debaixo do nosso nariz.
Não reclamemos dos que os olhos vêeem. De fato o mundo é injusto, cruel, e doloroso.
De fato o Homem é sábio, generoso, corajoso.
Poderá mudar o mundo?
Não.
De olhos abertos e alertas, poderá mudar a si mesmo.
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