segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nós sempre queremos casar

Gávea
Entre o Baixo Gávea e o Alto do Mundo,
O Shopping da Gávea

Foto: Divulgação
De verde, o Grilo Thiago Oliveira. O Ratão é Bruno Macedo, e a D.Baratinha, lindinha toda vida é Carla Diaz

Eis que estou suspirando.
D. Baratinha me arranca esta confissão: todas queremos casar.

Nem vem com negócio de namorido. Relação aberta muito menos. Queremos casar, ter marido, fazer o jantar para o felizardo, e usar a camisolinha transparente que ele mais gosta. Lua de mel.

Remando contra a revoluçao feminista que neste momento acontece em Madrid, as mulheres são muito mais felizes quando bem amadas. Nada no mundo é melhor que o convívio com o ser amado. Somos assim, historicamente dedicadas a manter aceso o fogo da paixão. O romance. Cai bem, emagrece, traz vigor físico e mental.

Todo mundo conhece a história da D. Baratinha, ela quer casar, e para isso se enfeita com sua fita no cabelo. E para atrair bons pretendentes, tem dinheiro na caixinha.

Nada diferente do que fazemos hoje meninas! Podem protestar mas nao para mim, estou imune às palavras vazias: a fita no cabelo é a escova no salão. O dinheiro na caixinha é o cartáo de crédito, é o emprego bem remunerado, porque melhor que ser bonita, só bonita e rica. Aí, náo tem para ninguém. Negue, quem nunca se enfeitou para o namorado. Negue, quem nunca mostrou-se independente para dar uma impressionadinha, tirar uma onda, assim, assim de leve.

Verdades à parte, Carla Diaz é uma boneca em forma de gente. Mimo. Formosura. Pernocas de melindrosa. Encanta com sua figura mignon, sestrosa, malemolente. Coreografias de dança de salão executadas à perfeição. O cenário, queridos, são os arcos da Lapa. O musical - é um musical sim - é todo de ritmos brasileirinhos chorinhos sambinhas maxixes bem malandrinhos, como a personalidade do galã, o Grilo, um malandrinho de ótimo coração.

Mas a revelaçao, como na vida real, que curioso, vem dos tipos mal intencionados.
O Boi, o Burro, o Pavão, o Rato. Os pretendentes da moça que queriam ora sua beleza , ora seu vintém, mas nunca, jamais, sua felicidade. Nem pensar em fazê-la feliz. Exemplarmente vividos por Bruno Macedo, o ator que vale pelos quatro. E vale ouro.

Ele aumenta e diminui de tamanho. O Boi é enorme, o Rato é rasteiro. O Pavão é metrossexual, e o Burro é um intelectual esnobe.
Muda de voz, de ritmo. Pode ser engraçado e cruel. Cada bicho pertence a um corpo animal e todos pertencem ao corpo de Bruno. Não fosse pelos olhos claros que aparecem sempre, olhando fixamente para os espectadores, para todos e cada um de uma vez, eu diria que eram quatro atores distintos.
Ainda que os figurinos colaborem, e que o cenário colabore, e que haja um encaixe perfeito com a D. Baratinha, os bichos do Bruno são o que há. Não sei como Carla Diaz náo escolheu um para casar logo de uma vez. Todos irresistíveis.

Para um espectador mais exigente, fica somente a sugestão que dublar pode ser melhor que cantar ao vivo. São muito jovens para cantar e dançar ao vivo. O desafio é tamanho, há que ter fôlego, afinaçao, coordenação total. As coreografias são afiadas, passos de gafieira, rodopios, puladinhos, resistência física mesmo, e estáo sob fantasias de bichos e holofotes. Dublar, ou soltar o play back, talvez fosse mais adequado.

O final é glamour. Ao som do chorinho ODEON, clássico de Ernesto Nazareth, a Baratinha se casa com o Grilo e joga seu buquê para as meninas.

Se eu peguei o buquê?
Náo, infelizmente.
Estou com uma vontade de casar....

Um bombom de renda, cetim, tule. Carla Diaz, que foi Chiquitita, que foi Radhija em "O clone", e que é uma graça sempre

Bruno Macedo, o Boi, o Burro, o Pavão, o Rato, o Ator

2 comentários:

  1. Bettina!
    Há um tempo estou para comentar sua publicação, mas ainda me faltam palavras.
    Em verdade, o que sei dizer é muito obrigado pelo prestígio e pelo comentário lindo que nos oferece com sua fala fácil, penetrante e cúmplice!
    Confesso que ao ler este 'post' fiquei dividido entre me emocionar com a poesia de suas observações e/ou acalmar minha pulsação em ver alguém falando publicamente em meu nome, perto de grandes colegas com quem divido o palco nesta produção. Estar em cena com este espetáculo tem sido muito gratificante, contracenar com Thiago Oliveira e Carla Díaz tem sido ímpar e ainda receber os créditos por meu humilde trabalho é impagável! Fico mais feliz em lembrar quão bom é poder me alimentar das coisas simples da vida!
    Não quero com essas palavras fingir simplicidade ou mesmo disfarçar em boa imagem minhas reais felicidades, tão pouco me valer de falsas modéstias, mas penso ser assim a vida de alguns artistas: por vezes nos veem, mas nem sempre nos sabem. E, muitas vezes, precisamos tanto deste respeito! Com alguma frequência, somos tão carentes de reconhecimento, de atenção! Por estas e por outras que não citei - por ocasião da pouca palavra -, lhe agradeço por ter visto, obrigado por ter comentado e que orgulho ter-me sabido por alguém que, embora ainda não conheça pessoalmente, colaborou significativamente para minha motivação/renovação profissional.
    Muito obrigado!
    Com carinho,
    Bruno Macedo.

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  2. Bruno, obrigada pela atenção... Imensa alegria em ler suas palavras... Um beijo

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