Rio de Janeiro
Será?
Pague e fuja
Nada como um dia frio e uma tv a cabo, e um edredon, e um chocolate quente.
Bem, podia-se ter a companhia de Rodrigo Lombardi, assim, desinteressadamente, mas não se tem, então sigamos buscando um bom filme.
Encontro " O preço da Traição ", com duas feras de primeira - a ruiva Julianne Moore e o premiado Liam Neeson. Esses nomes garantem o lazer do espectador. O roteiro pode ser fraco e tudo o mais pode conspirar para um fiasco, mas mesmo que o cenário seja fraco, que a direção seja fraca, e que tudo conspire para um fiasco, valerá a pena assistí-los.
Acertei. Ambos estão ótimos em seus papéis. Ela como médica, assustada com o caminho dolorido que seu casamento está tomando. Ele, o marido bonitão, distante, professor de adolescentes. Um acadêmico de sucesso, carismático, que flerta com mocinhas na frente dela. Diante da evidência de traição, o filme esquenta. Ela resolve tomar uma atitude.
Como se diz no popular - a chapa esquentou. A eficiente doutora contrata uma prostituta para testar a fidelidade do marido. Qualquer prostituta? Não. Uma linda jovem que já a conhecia de vista.
E la nave va. Um ato lançado ao vento tem desdobramentos incontroláveis.
A doutora, sim, de traída passa a traidora. Daqui em diante o filme podia ter sido a virada na vida de qualquer ser sexualmente ativo - mudar de opção, ou assumir uma dupla opção, enfim, romper com o paradigma e experimentar novos moldes para os velhos sentimentos do amor e do desejo.
Nada disso. A moralidade deste filme é como a de Chapeuzinho Vermelho: não obedeceu? entrou pelo bosque? O lobo é mau, a chapeuzinho é boa, e o caçador vai salvar todo mundo.
Senhores, irritei-me. O desfecho deve ter sido escrito pela professora de Moral e Cívica do meu colégio de freiras. A doutora corajosa arrependeu-se amargamente pelas ousadias. Dá para trás quando descobre-se bi. Subitamente, revela-se que seu marido jamais a enganou, que a perdoa e a quer de volta. De compulsivo galanteador passa para o santinho fiel. Toda a culpa para a prostituta - mentirosa, ardilosa, desequilibrada.
Preservemso a boa família, de bons modos, de boa condição social, a médica e o professor. São eles os bons e terão seus pecadilhos esquecidos. Seguirão sua rotina de trabalho honesto e rendimentos no banco.
Lamentei muito. Torci para um final de rumos verdadeiros. De felicidades maiores. Descobertas. Surpresas. Libertações. Julianne e Liam mereciam mais da vida a dois.
Mas Holywood preferiria saídas menos imorais.
Assim sendo, sejamos bonzinhos. Obedeçamos. Respeitemos o marido e o lar, e cuidado com as prostitutas - ou não valem nada ou são desequilibradas mesmo.
Oi Bettina!
ResponderExcluirAssisti esse filme ontém também, e fiquei com essa impressão de final feliz forçado... É isso, Holywood não costuma fazer concessões à vida real...
Ótimo texto!
Grande beijo!