domingo, 21 de agosto de 2011

Vale a pena ver de novo

Leblon

O segundo olhar sobre o Violinista

                                     

Extremamente curiosa a relação de um espectador e um espetáculo.

O espectador é o mesmo, no caso eu mesma.
O espetáculo é o mesmo, no caso, O Violinista no Telhado, em cartaz no Oi Casa Grande.

Assisti logo na primeira semana da estréia e encantei-me com a atuação de Zé Mayer, e suas filhas, principalmente as mais velhas. Aproveitei cada segundo dos ensinamentos da tradição judaica. Admirei os cenários, figurinos, e esfreguei os olhos, incrédula, com a grandiosidade da cena do sonho, surreal, engraçada, assustadora.

Saí feliz por Charles e Botelho serem brasileiros e nos presentearem com sua fábrica de musicais. Muito que bem.

Volto dois meses depois, por um convite delicioso e surpreendente. O espetáculo está lá. Igualzinho, na mesma temporada, mesmo teatro, mesmo tudo.

Sou também a mesma. Dois meses náo me modificaram tanto assim, mas recebi outra mensagem: o segundo olhar da espectadora enxergou além de quesitos técnicos. Enxerguei o Violinista como uma história de amor.

Percebi o amor em todas as falas e ações. Entre o pai e a mãe; entre a filha mais velha e o noivo alfaiate, e no velho açougueiro com quem queriam que se casasse; entre a segunda filha e o belo revolucionário; a terceira filha e o soldado russo, inimigo do povo judeu. Até entre os bailarinos do czar encontrei amor.

A histórias narradas no Violinista não sáo privilégio dos prezados judeus náo. Os personagens poderiam ser muçulmanos, budistas, evangélicos. Há amor e vontade de amar em gente de todas as religíões e também entre os ateus. O sucesso desta peça repousa na mensagem de fé e crença no Amor, para todos os espectadores, de todas as religióes. Amor maior que religiáo, que política, maior que convicções arraigadas. Maior que fronteiras geladas e ortodoxos inflexíveis

Menor unicamente que o Medo de náo ser vivido e da possibilidade de ser roubado dos apaixonados pela mão forte do Destino. 

Afora isso, gente, é Zé Mayer. Amando as filhas e a felicidade de sua cria acima de tudo. Amando a esposa, com amor que existe e náo é visto. Que se prolonga vida afora sem ser percebido, como que invisível, mas permeável pelos dias e noites e estações e mudanças.

O Amor que justifica atrevimentos e ousadias. Coragens. Ironias, persistências. Justifica alguma privaçao, em nome de objetivos mais nobres.

Compreendo porque uma reconciliaçao sucede favoravelmente. Após um descanso, um segundo olhar penetra na essência. Os detalhes e adereços já são conhecidos e náo impressionam, desvirtuando as atenções. As qualidades relevantes saltam; é um filtro onde o que interessa prevalece.

Precisei de dois meses para ver melhor. E agora que vi, digo - o amor torna melhor o que já é excelente.

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