Contos de Casais
O segundo da série
A dúvida
Ela era tão bonita, tão alegre e independente.
Ele menos. Nem sempre alegre, e quase que um filho de tão dependente.
Mas o casal era bem vindo. Era um casal bacana. As pessoas gostavam deles. Eram diferentes entre si, mas iguais na simpatia.
Ela começa a trabalhar demais, ele de menos.
Ela começa a ficar bonita demais, ele de menos.
Todos gostam dela demais. Dele, de menos. Ele vem com ela, acompanhando.
O convívio social é bom. Mas na intimidade havia silêncios entre eles. Tardes meio entediantes. Preguiças fora de hora.
Um certo deslocar solitário de pensamentos.
Uma certa falta do que dizer a sós.
Não havia nada a fazer naquela tarde de domingo. Fizeram amor, e ele foi para o chuveiro.
O telefone dele toca, é uma mensagem.
Ela não é disso. A água corre no chuveiro, ele não ouviu. Ela chama, ele não ouve.
Está meio acostumado a não ouvi-la.
Ela pega o telefone, no mínimo visor aperta os olhos – CLÁUDIO.
Bem, pode ser coisa do trabalho.
Ou não.
Ou sim.
Ou não.
Abriu a mensagem: TE AMO TE AMO TE AMO
Palavras que dançam aos olhos de quem lê, se é o amado,
e que apunhalam os de quem lê, se é o traído.
A dúvida. Ele é gay? Ou CLAUDIO é o codinome de outra? Ana, Bruna, Carla. Quem? Qualquer outra. Salvou no celular um nome de homem para encobrir o nome de mulher... teria ele essa mentalidade criminosa? Ou é gay então? Há ainda outra opção: está me traindo,e é gay.
Ele desliga o chuveiro e ao entrar no quarto não mais a encontra. Encontra outra pessoa. A traída substituiu a que o amava, são pessoas diferentes, e ambas não o suportam mais. Não estão mais ali.
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