quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SHAKESPARQUE - Ser , e ser mesmo, eis a questão.

PARQUE LAGE - DESLUMBRANTE

Rio de Janeiro

SHAKESPEARE NO PARQUE


O Rio que amo náo é só de Praia e Sol Maracanã Futebol. É de Parque Lage.

Já foi, Nêga? Então vá. Mas vá logo, porque tem Shakespeare também, e já está na reta final, ou melhor, já está saindo da piscina da Escola de Artes Visuais.

A idéia é fantástica - você chega duas horas antes do espetáculo e pega totalmente de graça sua entrada. Ganha um sorriso das recepcionistas e dos seguranças. Todos estáo influenciados pela imponência charmosa do local - é um palácio de pedra,cimento, natureza e cultura. Emana bom comportamento, outra postura não combina.

Passeie um pouco mas não muito - os lugares não são marcados. Entre. Olhe. Admire, e admire-se por estar ali, ao redor da piscina, a noite caindo. Gostaria que todas as pessoas pudessem desfrutar deste momento - paz e amor para admirar a beleza que cerca.

O que segue é uma aula - teremos seis atores cercando a piscina com tambores, pandeiros, cordas. Jovens e vigorosos, explicarão cada uma das cenas que seguirá: sáo seis fragmentos das melhores peças. Ricardo III, Megera Domada, Romeu e Julieta, Sonho de uma noite de Veráo, Hamlet e A tempestade desfilaráo sob os olhos atentos e encantaráo. Parece um quadro medieval, que vai sendo trocado com um page down na sua tela, mas a tela é gigante e o quadro é em terceira dimensão.
A sucessão das cenas, dos figurinos e dos atores é um festival para os sentidos. Anseia-se pela palavra seguinte, pelo gesto seguinte. Cada cena melhor e mais compreendida, reconhecemos os talentos ali presentes. Intrigamo-nos com outros, de quem não esperaríamos tal atuação. Alexandre Balillari, Jandir Ferrari e Samara Filippo surpreenderam. Merecemos que prossigam no melhor do nosso teatro. Nada a dever à estrelas de maior grandeza.

A banda, Banda do Bardo, é assim que se chama, é excelente. Diluiu sonetos de William Shakespeare em ritmo pop, também adequados ao capítulo assistido. Lembra Legiáo Urbana, Ira!, Lobão em sua melhor forma. A obra vai se descortinando, se fazendo ver e ouvir e entender. O público vai gostando, gostando... Fluiu. A comunicação é perfeita.

Confesso meu parco conhecimento de Shakespeare e minha hesitação em comparecer. Eu não conhecia sua faceta irônica. Imaginava tudo muito rebuscado, muito métrico, muito sofrido e exageradamente apaixonado. Que exigiria concentração extrema. Qual o quê. Entende-se. Ri-se. Assusta-se. Revolta-se. Suspira-se. Diverte-se.

Eu, que sempre preferi os autores nacionais, e os latinos - registro o desejo de ver essa realização para Machado de Assis, seria estupendo!- sucumbi e experimentei. É preciso experimentar.

Facilitaram o meu sentir, que bom, hoje em dia parece que há uma certa graça em dificultar as coisas. Saboreei de bom grado uma bela fatia da grande obra da literatura inglesa, e garanto, Shake, já temos intimidade para isso, Shake é uma delícia.


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