sexta-feira, 24 de março de 2017

O nono assalto

Rio
Ah, Rio
Por quê? ....


                   Longe do Paraíso

Carioca é teimoso como o quê.
O Rio pede para gente ir embora. A gente fica. O perigo pede para gente ficar em casa. A gente vai é para a rua. Então fica perto da polícia, então não demora. Não. A gente fica onde quiser e até a hora que quiser.
Deu no que deu - o nono assalto. O mais rápido,  silencioso, e traiçoeiro assalto de todos os oito que o antecederam. Carioca teimosa que sou, assaltada oito vezes, já deveria estar mais esperta. Estava não. Jamais estaria.
Noite linda. Posto Seis, Copacabana. E era um passeio à beira mar. Coisa fina, um passeio de namoro. Um passeio raro, sem hora, sem cerimônia, cheio de delicadezas e simplicidades como só os passeios de namoricação sabem ser. Como os recém descobertos prazeres, que experimentam-se devagar, demorando o gosto na boca, adiando a saciedade para prolongar o sabor. Aquele momento suspenso que quer-se reter. A poesia que se lê e relê para ecoar a palavra na mente; era tudo isso, e estávamos os dois ali, absortos, vulneráveis, visíveis, óbvios para o ladrão.
Em um segundo, em uma pedalada, sem tocar em nenhum de nós, ele caiu com um raio. Sem que o ouvíssemos ou víssemos ou pressentíssemos,  com a habilidade de um mágico e a pressa de um rato, o jovem marginal pescou o celular de meu bem e carregou-o sem dó para o submundo dos produtos roubados. Sem mais.
Ficamos atônitos.
Fomos sacudidos com força do nosso sonho e acordados com violência. Era hora de cair na real. E a queda foi brusca. Lesionou.
Passantes assistiram e vieram se solidarizar conosco. aceitamos o apoio meio calados. O pessoal da arquibancada do drama compareceu em peso. Muito reservados e ansiosos por segurança, agradecemos e seguimos. Sentimo-nos sós em nossa desproteção, desamparados na condição de assaltados e subtraidos, sem chance de defesa ou escape. Fomos roubados enquanto suspirávamos. Nosso gostar e nosso bem querer  não garantiram  bem estar e tranquilidade. Que dura constatação. A gente acha que gostar de alguém é um escudo para as armadilhas da vida, uma bolha de paz, e não é.
Ainda vejo o menino de costas, pedalando em alta velocidade, celular roubado na mão. Com muita frequência vejo os grandes ladrões do meu país roubando a dignidade do brasileiro, e não partem em fuga. Sem temer punição,  continuam aviltando a sociedade com a imoralidade da corrupção, essa bactéria desgraçada e auto imune que paralisou o país.  Vejo o capital público sendo roubado, as chances profissionais reduzidas,  as regras socio-econômicas cada vez mais desleais. E é assim também,  na destreza, na mão grande, na covardia, enquanto sonhávamos com dias melhores e mais justos.
Diferentemente do pobre e negro ladrão na bicicleta, nossos vilões tiveram de um tudo: nasceram em brancas famílias,  estudaram, comeram bem, dormiram em confortáveis quartos com lindos brinquedos. Tiveram médicos e remédios e um futuro promissor. E são tão ou mais ladrões que o magrelinho da bike.
Experimentei a dor da vergonha dupla.
De ser brasileira neste Brasil de ladrões diplomados, instruídos e famintos por dinheiro sujo. De ser copacabanense neste balneário de trombadinhas famintos e drogados,  sem instrução, sem presente, e com temivel futuro.
Uma tristeza moral tomou conta de mim.
A vergonha, pesada e profunda, também teimosa, está custando para passar. Preciso de coragem. Preciso de um tiro de misericórdia na minha patriótica e moribunda esperança.




quinta-feira, 16 de março de 2017

A foto encontrada

Paris,
Bon Soir, Paris.

Tem tempo, mas ainda vale: o tempo urge, a caravana passa, e o ensinamento fica.
Estava eu, caro leitor, a prestar auxílio ao meu então companheiro. Homem é bicho desorientado e precisa de muito apoio em tarefas simples. Houve esse momento, confesso, de sugerir uma urgente faxina do quartinho dos fundos.
Conclui-se que tem homem para tudo mesmo neste mundo. E mulher também. Até para faxinar quartinho em domingão de sossego.
Missão é missão, aprumei o corpo, e lá fui eu.o
Limpa daqui, paninhos com álcool, varre dali, separa, empacota, joga fora. O ambiente aumentando.
Afasta o móvel. Esse aí pesadão. Ajuda, ajudo. Empurra.
Surge a foto.
Resgato-a com cuidado. Ergo-a contra a luz com uma curiosidade quase cientifica, claro.
Uma foto. Um pedaço de papel. Coberto por uma camada grossa de um misto de mofo e poeira. Esteve encurralada por uma pesada estante, a pobrezinha.  Sobrevivente.
Com a ponta dos dedos limpo a superfície.
Vejo a Torre Eiffel e uma moça sorrindo em primeiro plano. Não é bonita nem feia. Nem magra nem gorda. Meia idade. Não ouso checar o verso. Medo de palavras escritas, pavor.
" - Quem é? "
" - Minha ex. "
Viro a foto. Leio as temidas palavrinhas. Estranho o som de minha voz, pareceu-me estridente e infantil.
" - Fulano querido, estou encantada com este lugar mágico. Uma pena que você não veio. Temos o mundo para conhecer, e começar por Paris é uma ótima idéia. Te amo. Beijo, Fulana."
Indiferente ele estava, indiferente continuou. Fazia-se de surdo.  Perguntei,  atônita,  você não quis ir?
Recebi então a pior resposta que um ser humano adulto,  instruído, e com dinheiro no banco pode dar: " - Não tenho nada para fazer em Paris. Muito menos com essa louca ".
Alto lá. Infringido Código de Etica do Sindicato das Ex. Só uma mulher fala mal de outra mulher.  Homem não. Homem agradece a divina oportunidade da convivência e segue adiante, em silêncio e respeito.
"- Como assim, louca?!"
" - Sim. Louca. Depressiva. Insuportável" Pode jogar fora, se quiser".
Calei-me e olhei a foto. Vi uma mulher dona de si, que embarcou sozinha para Paris, curtindo Paris, e dando-se ao trabalho de mandar uma foto. Seu texto sugere, elegantemente, um sonho a dois de sair pelo mundo.
Olhei para ele. Vi que não sonhou. Vi que não sonhava.  Um homem que sequer se surpreendeu, nem uma arregalada de olho, um sustinho, nada, diante de uma foto antiga da ex,  que viveu com ele por quatro ou cinco anos; a ela referiu-se sem carinho, sem mágoa, unicamente com reprovação. Um homem desorganizado e ausente, que deixou um quarto ficar no estado caótico que estava aquele. Poderia ter um cadáver lá dentro, não teria percebido.
Na verdade, o quartinho continha quase um cadáver. Estava lá sua lápide para marcar o local. Uma parisiense lápide, em ignorada homenagem a alguém que morrera e ele enterrara atrás da estante. E o turrão, que não tinha nada para fazer em Paris, não choraria seus mortos.  Jamais.
Percebi, com tristeza e intuição, que um dia eu estaria daquele jeito, tal qual minha antecessora estava naquela foto. Em Paris? Não. Esquecida num quartinho dos fundos, atrás de um móvel velho, claustrofóbica, sufocada pela poeira do tempo. Que poderia ser jogada fora. Uma mulher que não causaria mais nenhuma emoção.
Que triste.
Uma pessoa que teria seus sonhos sozinha, que os viveria sozinha, e de vez em quando o ajudaria no serviço pesado da casa e em menores empreitadas.
Louca e depressiva, eu terminaria talvez escrevendo palavras sem importância,  falando de um amor sem importância, de uma viagem por um mundo que para ele não teria importância. De uma Paris sem importância.
Muito triste, limpei a foto e guardei-a numa pasta,  com alguns documentos de validade vencida. Aquela era a foto de um papel vencido, que não o identificava mais. Melhor guardar junto aos seus colegas de turma, para que lhe atenuassem o frio destino.
Olhei ao redor, ele prosseguia sua limpeza exterior, na posição defensiva dos muito ocupados, e eu me vi só.
Paris, queridos,  nunca esteve tão distante de mim quanto naquele momento. Tão inatingível. A Paris vibrante da alegria de amar e de se aventurar, e de sorrir para Torre Eiffel e Rio Sena. Caminhar.  A Paris cidade luz que acende uma nova vida, gigantesca e exuberante. Um tesouro de cultura e bom gosto.
E eu tive certeza que tenho muita muita muita coisa para fazer nesta vida.
Muita coisa para fazer em Paris.
Muito sonho para sonhar.
Percebi-me em trânsito.
Comecei ali, algo tristonha e algo esperançosa, a preparar minha solitária partida.
Au revoir, mon chér



quinta-feira, 9 de março de 2017

Acabou a monogamia

Casal
Trisal
Tribal
Normal
Promessa de felicidade - só no céu 
Foto: web 

A psicóloga, antropóloga, socióloga, escritora, intelectual, tudo enfim, Regina Navarro nos explica em sua nova e valiosa obra " Livros do Amor", entre outras análises, que a monogamia acabou ou vai acabar brevemente.
Muito debate em torno da afirmativa e pouco estudo da longa obra. Dois volumes pesados, que poucos estarão dispostos a ler. Prendamo-nos a este bordão, que a midia esperta escolheu como representativo - " a fidelidade conjugal acabou. A  monogamia vai acabar. " Profecia, praga, promessa, ou conclusão científica? Um pouco de tudo.
De fato,  se olharmos ao redor, a colheita dos frutos do "amor romântico" é um fiasco de primeira. O desejo de se completar e de realizar-se fora de si e através do outro não funciona. Descamba para uma neurose insuportável. As namoradas e esposas e amantes desse  modelo viram apóstolas - largam suas sandálias para servir ao Mestre. Melhor dito, apóstolas tiranas e sofredoras condenadas. Se tem bicho duro de aturar é mulher dedicada. Que exigência de gratidão. Impossível pagamento à altura de tamanha devoção. E no terreno minado da exigência e cobrança, e da insatisfação, o amor se desintegra.
O oposto, radical, o egoísmo a dois, também não resolve o vão do coração. Se fosse assim, era fácil, simples, e todo o mundo seria bem feliz.  Seríamos companheiros de quarto, viveríamos uma república emocional, onde cada um tem sua vida. Dormiríamos juntos. ou acompanhados de outras pessoas. Sonharíamos em separado.
Então agora vem mais essa. Relações estáveis sem a preocupação da fidelidade.
Nem precisa preocupar mesmo. Sabemos que não tem vacina que impeça a infidelidade. A fagulha do desejo, quando acende, queima em solteiros e casados. A proposta da teoria de Navarro, é que não precisa doer. A monogamia traz em si a ameaçadora espada da traição, e é um pacotezinho indigesto mesmo. Mudemos então de pacote. Chega dessa história de monogamia.
Com todo respeito aos acadêmicos do comportamento humano, não há nem haverá teorias coletivas para o amor. Escrevam tratados e façam doutorados, como queiram, porém cada ser humano é único em seu amor e sua forma de amar. E quem não é feliz consigo, precisa se tratar e se descobrir, senão não o será tampouco, a dois. Tente a três. Imagino o inferno de Dante com duas ou mais, a perturbar um infeliz. Ou dois belos a dividir a fêmea? Acho difícil. Brasileiro? Impossível fora da fantasia do ménage.
A grande busca pelo impossível - amar, realizar, aumentar o prazer, e extirpar o sofrimento. Não dá. Vai ter um pouquinho de dor e preocupação sim. Temos uma inevitável mão dupla que permeia esse caminho.
Ninguém quer sofrer, e os mais evoluídos não querem causar sofrimento também. Só que sofre-se e faz-se sofrer, desde que o mundo é mundo; e cura-se e cicatriza, e amamos de novo.
A novidade é que esse processo amoroso pode ser menos sofrido, muito menos sofrido, sem promessas falsas, e sem leviandades - o pessoal do  casal e o povo da poligamia; a galera do sexo casual e os adeptos do amor eterno. Ética evita sofrimento, gente, traz segurança e uma imensa, imensa liberdade.

A mega inteligente Regina Navarro,   ou quem quer que seja, não conseguirá dizer o modelo que serve. Ouso afirmar que não pretende e tem sido mal interpretada.
Estou mesmo por ver a receita do amor, afinal.
Quem tiver a fórmula da felicidade no amor, que a apresente.
Se tiver a sua própria fórmula, bem, se dê por muito, muito sábio e sortudo.
Ser poligâmico servirá para uns e não para outros.  Ser monogâmico cai como uma luva ou como uma forca. Depende.
Cabe a cada um encontrar sua tribo. Cabe a cada um ser claro, sincero, honesto. Essa parte é a nossa, é uma longa e trabalhosa parte, que sempre, sempre, sempre, invariavelmente sempre, envolverá escolhas, e perdas, e ganhos.
Vamos encarar nossos espelhos mais escondidos e aquilatar as coisitas nas balanças encostadas do banheiro dos fundos. Caneta da investigação e respostas ao velho questionário do quem sou, o que me importa, o que quero, o que gosto. Até onde posso.
Somos finalmente livres para escolher, para tentar, para descartar.

E sermos felizes, caramba, trocando de respostas e de tribos, se quisermos.


quarta-feira, 1 de março de 2017

A ferida na perna

A chaga
A chama
Inflama

Poética imagem 

Tinha uma coceirinha e eu cocei. Quem não coçaria? Pois é. Inflamou.
Por baixo da pele, há vida. E vida exige cuidado. Higiene. Assepsia. Consegui eu mesma me infectar - tá lá a feia chaga, prova da minha inocente coçadinha. (Pausa. Reflexão necessária . Quando é que não é assim? Pouquíssimas vezes as causas dos machucados são os outros.)
Podem pensar que exagero. Que seja dengo, charminho, não foi não . O negócio doeu, inchou, cresceu, e corri para o médico.
Terça de Carnaval.  Descubro-me descoberta. De quê meu Deus, indago à mocinha da clínica? - descoberta pelo plano de saúde. Assim descoberta, exposta à saúde pública do Rio de Janeiro.
Vivo até aqui me safando das armadilhas dos sistemas. Mais uma para conta. Não é um planinho findo a mais que irá me derrubar. Parti para o SUS, que a ferida, outrora botão, por ora estava em flor.
Chego no hospital. Estou lúcida, limpa, banho tomado, bem calçada. Destoando lamentavelmente da maioria. O carioca de forma geral não é caprichoso. Não tem muito zelo pela sua imagem nem pelo seu comportamento.  Não faz nenhuma questão de ser arrumado, nem educado, e costuma implicar com quem é.
Isolei-me num canto e olhei ao redor. Quantas mazelas. Ah, o frágil corpo. Pressão alta. Taquicardia. Hemorragias. Febres. Uma ambulância traz uma moça muito jovem desmaiada, a mãe narra que ela acordou, botou a mão no peito e desmaiou. Um rapaz ferido, bravo,  com jeito de quem estava em briga feia.
Idosa muito idosa e muito sozinha. Inclusive desacompanhada de sua consciência.  Não sabe dizer o que sente.
Envergonho-me de minha pouca ferida. Sinto-me plena e vigorosa. A enfermeira que tira meu sangue é carinhosa. Lembra minha babá da infância e eu sinto a velha certeza de que nada de errado neste mundo me acontecerá se ela estiver por perto.
O médico surpreende. Jovem. Gentil. Atencioso. Intenções duvidosas. Tem medo de botar a mão na minha perna. Fica gago. Faz perguntas repetitivas. Minhas respostas não o satisfazem.  A contra gosto me entrega a receita, me despeço,  ele me chama de volta. Sento-me empertigada. Pergunta onde moro, com quem moro. Esta' visivelmente nervoso. Pede que eu volte ao fim de seu plantão para conversarmos melhor. Sobre o quê???? Minha ferida???? Meu sangue???? Prossegue nesta conduta atípica, tira o jaleco, atravessa a meu lado a sala de espera indiferente aos que o aguardam e me conduz determinado à porta do hospital. Quer me levar ate' o ponto de táxi no outro quarteirão. Não entendo a fragilidade que este homem viu em mim. Sequer atingida por um tiro de canhão eu seria frágil; e entre meus mortos e os feridos da emergência eu estou perfeitamente bem. Ou não? Estarei equivocada? Será  que estou, afinal, bem mal? Entro no primeiro táxi que passa. Largo o médico na calçada. Agora vejo a fragilidade dele; queria fugir dali.
Escapuli.
Socorro.
Repouso.
Remédio.
Curativo.
Suspensão de atividades físicas.
A voz serena e carinhosa de meu bem a me cuidar.  Que eu me cure da perna. E da loucura alheia. E de mim.








Respire

"Onde vc estiver
Respire
Triste ou alegre
Respire" - mantra de yoga
                     Esta moça me representa
                     Foto: web

Vim até aqui arejar o pensamento. Eita mundo de loucuras sufocantes.
Precisamos de oxigênio para o  corpo físico. Srs passageiros, o melhor destino do ar nao é o pulmão. É a mente.
Arejar.
Renovar.
Dar um basta nas velhas idéias que me enferrujam. Nas velhas convicções que me amarram ao que já não sou. Traço boa briga com o medo. E com o medo de sentir medo. Não sei quem vencerá, mas já eu mesma venci - lidar com seu próprio medo exige grande coragem.
Vim até aqui para afastar-me do que não me nutre, do que não me satisfaz, do que não me empolga mais.
Vim tirar as máscaras.
Como os políticos desavergonhados,  rompo os compromissos previamente fechados. Irrealizáveis. Tudo mudou.
Respiro fundo a maresia. O cheiro da saliva. O cheiro de café fresco, da roupa limpa, do cabelo lavado. O cheiro do quarto dos filhos. Do cloro da piscina.
Deixo entrar o aroma da vida recém parida.
Agora faz isso com suas idéias, meu bem.
Seus projetos. Seus sonhos.
Não os têm?  Certo disso? Duvido. Ninguém lê um blog de crônicas sem alguma abstração.
Estou eufórica hoje, escrevo sem ordem. Cenas de minha vida disparam enquanto fecho os olhos. Estou aqui e não estou.
Olhando para trás, vivi bastante. Vaidade pagã pelas vitórias. Dou- me conta de quê o que me orgulha não é bem o passado. É o que virá. Meu pescoço ainda estica alto, para ver a paisagem ao longe. Há novos mundos e planetas e encarnações.
Sempre há o novo amor.
Fôlego.
Avante.
Ajeito a mochila nas costas. Carrego o necessário,  menos que o necessário, gosto da sensação de que falta algo. Aciona o motor instintivo da busca. Aciona o sábio silêncio da aceitação.
Parti.
Respiro e sigo. Coragem. Novas estradas me chamam.