segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mais que mais um Ano

Rio de Janeiro
Bercário do Mundo inteiro





Viva a idade nova de Pablito

Senti o cinto apertar na cintura. Estranhei, procurei meu reflexo na vitrine.
Não, eu não estava inchada, pelo menos não se notava.   Sentia a barriga estufada. De quê? Eu vinha sem apetite nenhum nos últimos dias.
Aliás, na verdade, eu andava era enjoada, sei lá. Não queria comida.
Nem bebida. Até o ar que eu respirava me causava náuseas.
Cheiro de cafè? Assim, fresquinho? Nem pensar.
Sabonete, pasta de dente. Horríveis sabores.
Água. Não, tem gosto de ferro.
Nada.
Só alho, bem torrado no azeite, com pão velho. É, velho, duro, de dois dias passados.

Fiz o exame.
Deu lá: grávida. Totalmente grávida. Indubitavelmente grávida.
Susto. Choque. Incompreensão. Pânico. Como, meu Deus? Eu me cuido.

Mentira. Eu havia falhado no tal cuidado. Distraí-me, mas o plano espiritual não se distraiu comigo. O pessoal lá de cima estava de olho em mim, e aguardava meu vacilo. Era chegada a hora de emprestar meu corpo para um anjo vir à Terra.

Era minha vez. E por mais que se diga - e eu sou dessas que gostam de dizer - que a mulher nasceu para ser mãe, que tem instinto maternal, que é a maternidade é natural, e blá , blá, blá, não é bem assim. Não é mesmo. Bem, fechando o foco: não foi bem assim para mim.  Não foi um anúncio de Confort com a mamãe e o bebê deitados em um edredon florido, quarto amplo e arejado, sossegados e felizes tirando um soninho gostoso.
Longe disso.
As mummys suspirantes que me desculpem - ser mãe de recém nascido é de perder o fôlego. Sem dormir, sem tempo, amamentando de duas em duas horas, bebê com cólica, vômitos, febre, dente, vacina, pediatra; correrias. Papai? bem mais fácil. Pai não amamenta. Liberdade de ir e vir preservada e garantida. Eu quase pirei.  Bem, dei conta do recado, e o baby cresceu, lindão.

Meu primeiro filho veio ao mundo há quatorze anos. Completa-os neste 31 de Julho. Em rápidas contas, 14 anos de 365 dias cada um, temos 5 mil e duzentos dias de convívio, íntimo e intenso. (fora os 280 dias da gestação) Relação de dependência, de amor, de proximidade, que estranhei ao início, confesso, criatura egoísta e individualista que eu era.  Os dias difíceis, do trabalho exaustivo, das noites sem sono e dos dias agitados foram sendo substituídos por dias mais controlados e mais alegres, aos poucos, aos pouquinhos...Passeios, diversões, saúde, e uma comunicação sem sílabas foi surgindo.  A rotina foi ficando leve e repleta de compensações. Pareceu fácil esta transição, assim posta em duas frases? Mas não foi. Eu era uma pessoa. E continuando a ser uma única, tinha que cuidar de duas pessoas, sendo que a segunda pessoa era mais importante que eu, indefeso, incapaz, frágil. E chorava o tempo todo.

O pequenino encontra-se maior que eu.  Em estatura, sim, e em maturidade, provavelmente.  Não conheceu a redoma que eu conheci; acostumou-se com mudanças de endereço, de colégio, de amigos, de pai, de padrasto. Foi colecionando irmãos por todos os lados. Alma de cigano, magoá-lo é difícil. Sua história o talhou forte, em madeira de qualidade. As circunstâncias que poderiam ter-lhe sido adversas conspiraram a seu favor. O moço resiste aos ventos com classe e categoria,  e à essa mãe meio despreparada que o destino reservou-lhe.

A cada ano, melhor. Bonito, honesto, inteligente. Leal. Com ele se conta.

A cada idade nova, mais um ano dessa força, de mais força, de renovada e arraigada força.

Maior parceria , maior entendimento, maior companheirismo. Este seu aniversário não comemora só mais um ano de vida - comemora para ele, e para mim, mais um ano de vitórias. Vamos driblando nossas incertezas, as diferenças, os medos, as euforias. Esticando alguns limites e encurtando outros, vamos nos equilibrando entre espaços distintos e universos quase incompreensíveis. Quase. Não há incompreensão no Amor, são substantivos incompatíveis. Não aparecem lado a lado na semântica, nunca. Digo e repito: o Amor é sempre a saída, o motivo, e a explicação.

Campeão de 2012, ele.  Aprendiz, eu.  Ambos premiados neste desafio de vencermos - principalmente - a nós mesmos.



quinta-feira, 26 de julho de 2012

O vôo de todos nós

Planeta Terra
Boa Viagem



O avião vai decolar 

Senhores passageiros, dirijam-se ao setor de embarque.
Atenção: passaporte, bilhete, volume de mão.
Bagagem para despachar. Check list ok? Muito bom, então.
Avancem pelo detector de metais e dirijam-se ao portão, números decisivos marcadinhos aí no seu ticket de embarque.
Para que esta cena tenha um final feliz, caríssimo, muita coisa tem que estar em ordem. O caríssimo tem que ter chegado na hora certa, ou um pouquinho antes, ou mesmo muito antes, e ter esperado o momento de adentrar `as privilegiadas áreas dos viajantes.

Viajantes, atenção: o vôo parte, e parte mesmo. Quem embarcou, ótimo, está acomodado, valise no porta volumes, cinto atado, e partirá. em segurança.  Atrasado? Só coisa pouca que faça correr um pouquinho, coração disparado bem de leve. A aeronave pode atrasar, em solo, no ar, mas o viajante não pode não. Não tem direito, fica em terra firme, e perde a viagem.


Chegamos até aqui juntos, ou um de nós atrasou?
Meu coração diz que o caríssimo está juntinho comigo e seguiremos neste panorâmico olhar sobre a pontualidade das nossas escolas. Conhecemos tantas histórias assim. Um par de horas no saguão do aeroporto e assistimos o povo entrar, partir. Descer, chegar. Encontrar e desencontrar.
Um par de anos na varanda e assistimos o povo conhecer, acreditar, desacreditar, desistir. Partir do outro, partir de si mesmo. Viajar para outro lugar, ou ficar em terra firme.

Pontualmente.

A vida real tem seus próprios ponteiros. O piloto é mais flexível, e permite (ou impõe) que os caríssimos experimentem e conheçam o companheiro de viagem antes de decidirem se vão, ou se ficam. A decisão precisa ser tomada em tempo hábil. O avião decola.

Esses pensamentos aterrissaram  em minha cabeça nômade trazidos por amiga de asas, que já voou para outras terras, aqui mesmo neste blog.  Chegou agora do azul Mediterrâneo, renovada pela beleza estonteante e pela liberdade desfrutada em mares nunca dantes navegados. Moça fina que é, narrou-me luxos, confortos, alegrias, carinhos. Que maravilha. Terminou seu belo discurso com a interrogação:
 - “ Bebêzinha, já pensou se eu não tivesse ido? Não teria vivido nada disto!!!! Fiquei na dúvida se ia, se trocava de carro, se ia para lá, para cá, para acolá. Muitos lugares para conhecer!!! Ai, eu também vi gente atrasada perdendo vôo, que pena... ”

Juntos de novo, ou tem alguém atrasado a ponto de perder novas emoções? Seria uma pena.

Tratemos, portanto, de escolher nosso destino, procurando aquilo que mais nos apetecerá: quem quer amor, escolhe amar, e tem que ir fundo. Diversão? Tem de monte, mas é em outra plataforma. Amizade? Linda paisagem, confortadora. Carreira?  Solo ou em grupo? é preciso sintonia...

Eu, caríssimos, garanto:  tracei a rota e estou com tudo em cima, de partida para o novo mundo. Passaporte carimbado, mala pronta. Alma limpa, limpinha, zerada, que não dá para viajar arrastando mala emocional. Escolhi o destino, é vida nova, sem medo, que medo é outro problema do viajante. Paralisa, entra em choque, sobrevive a base de álcool e calmantes, o medroso precisa de anestesia, e o meu espaço aéreo é o da lucidez; estou no aeroporto, cheguei na hora exata. Passaporte, bilhete, check list. Ok.   Detector de metais? Pode inspecionar, estou desarmada, aqui não há ameaças; as flores? Ah sim, são enfeitar o caminho. A música? Para embalar o passeio, que sem música não tem graça. E essa boca, é para quê?
Para beijar, que o beijo de amor é a champagne servida na primeira classe.

Escolhi o companheiro, sábio e gentil viajante. Delicioso parceiro.  Escolheu-me, vejam bem, caríssimos, que honra!
Seguiremos juntos nesta viagem, estamos a postos. Chegaremos, se possível, ao paraíso.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Taj Mahal

Brasil
India
Aqui
Ali
Em todo lugar


Pedras preciosas Palavras Vida


" TajMahal.  Construído entre 1630 e 1652 com a força de cerca de 20 mil homens, trazidos de várias cidades do Oriente, para trabalhar no suntuoso monumento que o imperador  Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Mumtaz Mahal, sobre seu túmulo, junto ao Rio Yamuna. É conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão.   É incrustado com pedras semipreciosas, e sua cúpula é costurada com fios de ouro." (Wikipedia)


A inspiração? O belíssimo e pouco conhecido poema de Cecilia Meireles escrito em sua viagem pela India. Se o caríssimo ainda não provou desse doce da nossa literatura, ofereço de bandeja um pedacinho, aquele que eu mais aprecio:

"Tudo celeste, humano, intocável
Subtraindo-se ao olhar, as mãos
...
Fuga das vozes, livres de lábios, independentes
Continuando-se
...
Entre a morte e a eternidade, o amor,
Essa memória para sempre"
(trecho de Taj Majal, in Poemas na India, de Cecilia Meireles)

Então seguem as palavras minhas, porque não tenho pedras preciosas ou fios de ouro,
ou vinte mil homens para trabalhos forçados,
e ainda se os tivesse, de nada me serviriam.

O monumento intocável que construo tem outra matéria prima
Que não pode ser admirada pelos nossos olhos capitalistas.

Conto com minhas palavras, mais livres que os metais,
( os metais tem seus donos; as minhas palavras não)
Conto com meu amor, mais livre que todos os homens.
(os homens tem seus medos, o meu amor não)

E tal qual no poema da poeta Cecilia
Minha voz está livre dos lábios e reverbera fora de mim.

Cultua, admira, elogia, preserva.
Eleva ao âmbito celeste.
Ergue no silêncio o seu castelo de som 
Ecoa, suave, continuando-se,
como também as vozes dos amantes continuaram no poema da poeta Cecilia.

Meu Taj Mahal é feito da palavra Amor. 
Em sua leveza é mais firme que o mármore,
em sua  simplicidade é mais luxuoso que toda a riqueza.
em sua paz é mais sereno que a paz dos monges indianos,
se existem, se são monges, se tem paz.
Eu garanto que a paz que vem deste Amor é ainda maior.

e ainda que eu fique aqui,
minunciosamente afirmando e apontando e comparando,
e encantando-me com a visão translúcida desta preciosidade,
e supomos que eu consiga, só por suposição, esgotar a linguagem silenciosa do texto escrito,
eu não poderei terminar de explicar como é lindo e único e especial
este meu particular Taj Mahal.

Não poderia.
e nem sei se o darei por concluído a gosto, algum dia.
O meu Taj Mahal tem outra medida, que não se alcança,
que não se limita.
Não se avalia pelo tamanho, pela métrica gramatical, ou por sua dimensão física.

Não. 

Monumento assim grandioso e invisível,
lapidado a duas mãos com muito capricho.
Contínuo, crescente, cuidadoso capricho.
Não resistimos em mais um detalhe de luz,
em mais um enfeite de claro entardecer,
em mais um primor de carinhoso despertar,
sim, porque temos tanto e tanto carinho ao amanhecer,
e eu sei porquê: vemos que não é sonho, é real,
é real o sonho,  é real a cama, são reais as flores, e o Sol.
Esse palácio tem uma janela verde para vermos o mundo,
seus caminhos verdes, suas paisagens imensas,
suas noites, seus brilhos coloridos, suas estrelas.
E tem a câmara para a música,
sagrada música,
onde as notas do meu Amor alcançam perfeitos e hipnóticos acordes,
melodias.

As notas de sua música voam ao nosso redor,
como pássaros mágicos e transparentes,
asas de pétalas,
de cristais.
Vindos de terras distantes,
incenso, ouro e mirra para nosso deleite.
Pousam aqui e ali, surpreendem, 
místicos límpidos explicítos presentes.

Assim, dia a dia,
um recanto e um aconchego a mais, e nosso Taj Mahal se firma, se amplia,
Espalha-se por nós, junta-se, junta-nos, mistura-se, mistura-nos,
Encanta, fascina.

É bem diferente do Mahal da Índia,
Escrito em poema, em viagem, pela poeta Cecilia,
Nossa homenagem imaterial não é (e jamais seria)  um presente à memória do amado.
Nunca.

Nosso monumento erguido de Amor, meu Amor, é um presente entre amados, que agradecem pela Vida.






sábado, 14 de julho de 2012

À noite


Rio
Frio
Granizo


NOTURNOS

Vista Noturna de Santa Tereza - Foto Sony Cybershot 



ELE CANTA,
EU DESAFINO.

ELE ANDA,
EU ME EQUILIBRO.

ELE CONDUZ
EU SIGO.
ELE DÁ O TOM,
EU RIMO.

ELE PROVOCA
É DELE, E VEM DE MIM
VEM DO CIO.

ELE SENTE
EU SINTO.

ELE AVANÇA,
EU TRILHO.
ELE AGUARDA
EU AVISO.
ELE ANUNCIA,
EU ARREPIO.

ELE ASSOVIA,
EU GRITO.
ELE  GOSTA,
REPITO.

ELE SAX
EU BEIJO
ELE SOPRA
EU ACENDO
ESQUENTA
DERRETO.
ELE DEITA
                - ME RENDO.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Entre uma nota e outra

Rio
Santa
Tereza
Pai Mãe
Ouro de Mina


Play

   "Art Nouveau da Natureza" (Djavan)


Tinha uma janela
Na janela um vidro enorme
que aumentava a janela e a árvore atrás dela.

A árvore é a janela da sala,
( dali vemos o verde do mundo )
e não sei se a árvore fica na sala,
ou se a sala fica na árvore,
ou no verde do mundo.

E tinha mesmo, uma janela, uma árvore, e uma sala
e uma luz, que luzia
Luiza.

E logo, logo depois da janela, da árvore, e da luz
tinha um piano
e tinha um pai.

E tinha paz.

Por entre as folhas e a luz
ele enchia a sala de notas
e havia mais e mais luz.

A sala estava repleta de música
(Eu não sabia que música reluz, mas reluz.)
Claras notas
Clara sala
Clara luz

E não era Páscoa, Natal,  Sábado de Carnaval.
Não era aniversário nenhum.
Era um dia comum um domingo comum
na verdade um domingo frio e chuvoso
mas tinha esse pai
que aquecia a sala, a moça e a filha
e como tinha paz, tinha calor, e tinha luz
Luiza.
e  música pela sala pela janela pela árvore
o domingo chuvoso então já não é domingo.
É o precioso sétimo dia.

e eu, eu que achava que não via
porque nem sabia que existia assim, tanta luz
nem essa paz nem esse pai nem essa árvore
eu olhei essa sala essa árvore essa luz
essa Luiza
eu ouvi a música
eu vi esse Homem e seu piano


- e eu vi que eu era feliz.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Post Censurado

Rio de Janeiro
Lugar Comum
Lugar Nenhum


A censura de todos nós



Pela segunda vez, um caríssimo pede que eu tire um post do ar.
Sentiu-se ofendido, exposto injustamente.
Pela segunda vez, atendi.
Não por temer retaliações, não, o mistério quanto aos personagens reais protege-me, e os protege. Não há indicação de nome, profissão, endereço, status social, apelidos. Nada.  Os personagens não identificados são muito mais interessantes, e preservo a necessária ética em um blog de livre acesso.

Mas pela segunda vez um homem inteligente interpreta minha crítica ao seu comportamento com mão de ferro, e não a suporta.  Julga-me com implacáveis padrões, surpreendentes rigores em nossa sociedade livre e democrática.  Ou não? Percebe-se que no mundo masculino os elogios são muito bem aceitos e estimulados. Mas as críticas... Aí estamos na Segunda Guerra, no front. A coisa fica feia, os varões armam-se em defesa e ataque. 

Tirei o post do ar.  Confusões, só por amor, e doces, e contínuas, e ininterruptas, e deliciosas. Longe de mim o desejo de magoar ou ferir. Não quero essa energia.

O post saiu, e fica minha tênue esperança de que com esse gesto eu prove que não quero briga.
Que o caríssimo não me leve a mal. Sou da palavra, a palavra fala por mim. Deixei a emoção falar, e a emoção falou mais alto que os seus ouvidos podiam escutar. A culpa não é minha; todo fato tem mais de uma versão.  A História do mundo está aí para provar, e as versões de um mesmo fato são em sua maioria, viáveis.  Eu não detenho a verdade, a verdade está em cada um de nós, como nos convier, ou como pudermos aceitá-la.


Outra afirmativa real é que a censura maior vem da nossa consciência. Essa sim, é a censura de todos nós.
Fui censurada, o que de certa forma é um elogio: só os bons escritores da nossa Terra Adorada tiveram seus trabalhos vetados. Os provocadores. Os instigadores. Os que botam para fora as vísceras, as feiúras, as vergonhas. Os que se escondem e escondem suas opiniões, esses não. Eu os chamo de coelhinhos da Duracell, batendo o tambor sem cessar, e sem saber para quê. Passaram pelos olhos dos leitores sem maiores efeitos.  Ofereceram água com açúcar.  
O povo enjoou.
O povo quer champagne, e há os que queiram cachaça. Que sorte, há os que podem beber.

Solstício de Inverno

Rio
Sol
Inverno
Solstício
Pacífico

Vamos comemorar 




 O Sol de Junho no Rio de Janeiro, da série "Inverno Inverso" de Ana Schnneider


"Solstício de Inverno é um fenômeno astronômico usado para marcar o início do inverno. Ocorre normalmente por volta do dia 21 de junho no hemisfério Sul... Esta data também era de grande importância para diversas culturas antigas, que de um modo geral a associavam simbolicamente a aspectos como o nascimento ou renascimento" (Wikipedia)



Escrever é um vício bom, uma compulsão benigna.
Uma ação voluntária que parte de sentimentos involuntários; e aprendi a submeter este transbordo de emoções ao crivo da razão.

A razão é irmã da paciência. Um dia chegam as duas, e o caríssimo pode ter certeza: será uma proveitosa visita.  Pacientemente eu venho observando o sol de inverno.  Estranhei tal calor: atribui ao super aquecimento global e a novos e felizes tempos em meu coração. Observei e até desfrutei deste presente dos céus, em mergulhos e caminhadas sob o Sol. Os dias foram passando, e o clima continuando. Firme, colorido, up.

Há uma razão maior que tudo isso - mais que a Terra quente, mais que o coração quente.  É um fenômeno astronômico - é o período em que nosso planeta azul está mais perto do Sol, e o recebe em cheio.  É o Solstício, palavra que não tem em sua forma a beleza de seu teor. ( Encontro consonantal e acento agudo em seguida não soam bem , não tem jeito) Comemorado na Antiguidade, como um marco de renascimento e prosperidade; os antigos tinham uma ligação maior com a Natureza, eram muito, muito mais sábios que nós e nossa poderosa tecnologia.

Reconheçamos. Os Fenômenos Climáticos, assim libertadores, devem mesmo ser comemorados. Marcarão ricas colheitas, safra de qualidade e os  frutos da terra que alimentam os terráqueos. Mais necessário, impossível.  É a bonança que vem depois da tempestade, o tempo de prosperidade, de crescimento, de fertilidade.  Os gregos, os romanos, os egípcios e os hebreus comemoravam com dias e noites de festa. Dizem que Jesus Cristo nasceu no Solstício, e o manipulador Vaticano veta esta informação para não valorizar as culturas pagãs; como se a Natureza fosse pagã!... O quê revela mais a presença de Deus que a Natureza, sua genialíssima Criação?   Vossa Excelência o Papa que me desculpe. Se festejar as festas da Natureza é ser pagã, não sei o que é ser temente a Deus....


O Solstício, em sua estranha sonoridade, pode ser combinado, em forma e conteúdo, com pacífico e armistício, ocasiões em que reina, gloriosa e triunfante, a Paz. Outra delicada coincidência linguística:  o Sol que brilha no céu azul é imagem costumeiramente usada para ilustrar a vitória do Bem, e a paz espiritual. Consola, revigora, acalenta. "Depois da noite virá a Aurora", olha aí. Trocando em miúdos, aguente firme, a sucessão natural das coisas é um Sol deslumbrante que vai iluminar o caminho.  Eis aí mais um símbolo da positividade que nos invade neste Inverno. Há luz, abundante luz, e invade olhos, pensamentos, juízos. Esclarece.


Quanto mais e mais analisarmos o significado deste Sol de Inverno, mais e mais encontraremos razões e razões para comemorar. 
Eu estava certa em minha intuição - seremos felizes. A Natureza anuncia, a ciência explica, e eu, caríssimo, eu comemoro.







sábado, 7 de julho de 2012

Alucinadas Meninas

Barra
Where?
Ali no Barra Square

A Barra nunca foi tão perto
                                                               Surtadas e chiquérrimas

                   
Nossa Terra Adorada tem seus devaneios descontrolados, e ainda bem que temos as Alucinadas.

Precisamos de gente boa que nos faça rir, e as bonitonas Renata Castro Barbosa e Luciana Fregolente estão no palco do Barra Square, `as 23 horas, então é ir para rir, e rir bem. Caríssimo, a Barra é longe? Da onde? Estamos no Rio de Janeiro e depois das nove,  o trânsito livre encurta qualquer kilometragem.  O percurso é lindo até lá, já chegamos leves.  Niemeyer, Joá, Ayrton Senna.  O Rio continua lindo, e as moçoilas também.

Dois anos após serem vistas por 12 mil pessoas elas voltam, com o mesmo chique do visual e o mesmo humor - fazendo rir das maluquices femininas. Tem muito material para encenar, reconheçamos, toda mulher é louca e tem momentos de surto, mas poucas alucinam, assim, com tanta graça.

Digo porque vi, ou melhor, digo porque ri.

Novamente dirigidas pelo máximo Victor Peralta, entreterão o caríssimo por mais de hora, sem que se perceba o tempo passar. Crescem em cima de ótimos textos de autores modernos e bem sucedidos, bambas do bom humor - Bruno Mazzeo, Porchat, Palatnik, entre outros. São enquetes vários, e juntas ou separadas as atrizes mostram a que vieram. Esse é um ponto de qualidade no trabalho que merece pausa de respeito. As duas são ótimas atrizes. Mesmo. Poderiam atuar em qualquer em drama ou romance, ou em clássicos do teatro, tem formação e talento para a dramaturgia. 
Luciana Fregolente tem uma presença extravagante, imponente, prende o olhar do público em seu próprio olhar.  Sua voz, de contralto, ressoa longe e dá um tom de seriedade às adoráveis maluquices que nos mostra. Acreditamos nela, domina nossa atenção, buscamos detalhes que desminta o que diz, e não encontramos. Da cabeça aos pés, ela impõe o texto como fato verdadeiro, determinado, certo e possível..  Renata Castro Barbosa tem o timing da comédia, o dinamismo, a articulação, a agilidade. Fala, pára, anda, pára, grita, pára, olha, pára, arregala, aumenta, encolhe, assusta, avisa, foge, se entrega. Tem rapidez, precisão, é leve, miúda.  Pega o espectador pela mão e nos leva para passear pelo caminho da comédia, entregando-nos de volta ao mundo real, sãos e salvos.
Este casamento artístico entre Renata e Luciana deu certo como poucos. Chuva de arroz e bodas de ouro!  Brilham juntas e  percebe-se claramente que há um entrosamento de humor e de astral, raro nos dias de hoje, onde uma de nossas compulsões reside em alimentar fartamente o próprio ego. 


Podem ser as estressadas anônimas, pode ser  a Mãe Natureza, a aero-rodoviária, e podem fazer estourar de rir no meu quadro preferido, a Vidente.  De uma certa forma, a gente se enxerga nessas duas, que se multiplicam em conhecidas na nossa frente.  Ora ora, não é hora de pudores. Nossa sociedade contemporânea produz doidos, vários, homens, mulheres, adultos, e crianças.  Qual criatura nascida sob o sexo feminino não é estressada? Aponte. Quem nunca procurou uma vidente charlatã? Quem não teve ganas de matar um operador de telemarketing? E o caríssimo tem cooperado para a preservação do meio ambiente? Não?  Cuidado. A Mãe Natureza  desabafa, é engraçadíssima e está coberta de razão, somos filhos ingratos.

Como diz o clipe que abre o espetáculo,  estrelado por feras  (Leoni, Frejat, Léo Jayme, Hebert Vianna), em música de Leoni e Pedro Mamede -  chegou a sua vez e elas vieram te buscar. Saímos cantando o refrão, prolonga a peça, e vai conosco para casa.

Vá. Chame seu bem ou sua amiga alucinada, e se solte.  Solte o riso.
"Todo mundo gosta de rir", já dizia Chico Anysio. Humildemente, acrescento: a vida passa bem melhor quando temos bons motivos para rir.













quinta-feira, 5 de julho de 2012

A primeira vez que eu vi a Banda

Ipanema
Sempre Ipanema


O síndico e eu


A Banda do Síndico,  em sentido horário: Adriano Ginfone no baixo,  Paulo Braga na bateria, o trompetista Silvério Pontes,  Perinho Santana, Guitarra, Fabiano Segalote, Trombone,   As backing vocals Bia Falcão e Suzana Carvalho, lindas na foto, participam eventualmente.  Toca Delamare no teclado,  ao centro o vocalista Bruno Maia e o saxofonista Tinho Martins. - Vamos chamar o síndico


"Eu tava à toa na vida 
O meu amor me chamou
Para ver a Banda passar
Tocando coisas de Amor"




Nada disso.
Isso foi depois.

Bem, uma história se conta do começo, e é preciso contá-la com dignidade  - contexto, cenário, pretexto, razão. Texto, sub texto, entrelinhas, sugestão. Vamos lá.

O começo é muito moderno - virtual. Alguém postou no Facebook que a Banda do Síndico, formada por integrantes da Vitória Régia, a magnifíca banda do Tim Maia, apresentaria-se aqui em Ipanema, em cima do mar, e embaixo das estrelas.  Neste exato momento eu, que tenho mania de ver, eu ouvi a metaleira. Pulsando aos gritos na minha cabeça. O som alto, preciso, imperativo - Dance, dance, dance. Os metais brilhantes, os músicos impecáveis, o comando para o balanço, para horas de balanço. Eu não sossegaria se eu não fosse. Esse é o começo.

O meio é que eu iria ver Debora Colker e sua Tatyana russa no mesmo dia e horário. Para atender ao chamado do Síndico, eu chegaria atrasada, lá pela metade da festa. Meio é coisa embolada mesmo, mas antes tarde do que nunca, caríssimo, escute meu conselho, antes tarde do que nunca.

Fui. Não deu outra.

Vamos ao cenário: os metais, os músicos exímios, coloridos, felizes por estarem no palco. Eles  me chamaram de volta para o Baile, alegre baile que eu já não frequentava mais. Obediente que sou, aceitei  o convite e deixei cair no Baile da Super Banda do Síndico, o melhor síndico que o Brasil já teve. Um  Baile e tanto, com os sucessos que marcaram brilhantemente a carreira de Tim Maia, em interpretações à altura da fama que a original Vitória Régia atingiu por exclusivo mérito artístico. São maravilhosos.  Embalaram muita gente nas pistas e salões, e seguravam a onda com categoria  quando o Síndico já não estava sob o domínio da lucidez.  Certamente Tim olhava o show pela janela, ou estava disfarçado ali pelo meio da pista, só para checar se estava tudo nos conformes. Estava acima dos conformes,e muito,  posso afirmar. Notas musicais no ar, com força e precisão.  A atmosfera era de festa e comemoração. O Mestre foi, mas sua obra genial ficou, sem prazo de validade. Sortudos que somos,  temos os Régios Síndicos que prosseguem executando o legado de Tim Maia à perfeição, como sempre fizeram.

O pretexto, precisa ser dito, era diversão. Mais precisamente, dançar.  Astral para cima, que é nosso lugar, e Vale Tudo.  Amanhã é Um Dia de Domingo, e por hoje  Me dê Motivo.  Na Primavera serei Réu Confesso,  vamos para o forró do Santo Reis, e Que Beleza, que beleza é a Natureza.

A razão, caríssimos, era ser feliz. Ser feliz com a cabeça, com os pés, com o corpo todo. A razão era um  som de arrepiar.

O sub texto - onde repousa o cerne da questão - é que tinha um sax de ouro no palco, E eu vi, e digo porque vi, que era ali, naquele ouro todo, naquele som todo que estavam as entrelinhas do meu texto. Era ali que eu ia escrever os próximos capítulos da minha história.


Agora, a sugestão, essa chave literária que fecha as histórias narradas com qualidade e instiga o leitor a refletir, esta ficará por conta da imaginação do caríssimo.  Abstenho-me. Na minha cabeça, o desfecho deste post está muito bem traçado, em bela partitura, e eu ouço uma música irresistível, tocando linda dentro do meu coração.  Vem  de um sax de ouro, vem alto, de longe, vem da banda boa da vida, vem do destino, que é pai e mãe de toda a razão.


Tinho Martins e seu sax encantado, que toca alto no meu coração, em foto da  premiada Ana Schnneider









terça-feira, 3 de julho de 2012

Picuinhas do Desamor

Vazios
Desertos
Perdidos
Onde?
No Rio





Vejam bem se isso é lugar de teimosias

É, nem só de pinguins ( já são 39 animaizinhos que aqui aportaram esses dias! ) vive a orla do Rio.
Uns e outros acharam por bem resolver suas picuinhas no território sagrado do Arpoador, vejam bem, caríssimos, se isto é coisa que se faça.
O Arpoador é um santuário da natureza. Consagrado como Patrimônio Universal, o que afasta qualquer suspeita de minha parte em elogiar sua espetacular beleza. Manhãzinha bem cedo, dá pena até de falar. É tanto azul, tanto céu, tanta pureza, não cabe outro som que não seja o das ondas, o dos pássaros, que não seja o som do vento na Pedra.
Enfim.
Silêncio e adoração. Se Deus está em algum ponto geográfico do mapa mostrando ao Bicho Homem seu amor, creiam, é ali. 

Mas nem todos se contaminam com essa paz. Não mesmo. Há uma criatura que elegeu este paraíso para prosseguir com suas picuinhas. 

Eu conto como foi. O rapaz tinha por namorada moça bonita. Moça bonita tem gênio, dizia meu avô, e tem que ter, explicava ele, senão é só enfeite. E mais, mulher bonita é adorno de luxo, (explicação 2 do mesmo autor), e o rapaz tem que saber carregar, não pode levar de qualquer jeito não. Ou o bibelô cai e quebra, ou outro carrega.

Faltava. Ah, faltava jeito. O rapaz não sabia carregar. Ela queria praia, ele não podia. Ela adorava praia, aí neste cantinho do Arpex. Não, ele não ia. Não podia. Tinha sono, tinha bar, tinha futebol, tinha mãe, tinha tio, tinha prova, tinha trabalho, tinha tudo, tinha que contrariar. Picuinhar.

Muito que bem, a moça bonita, claro, encontrou  quem melhor a leve. Quem a conduza com o devido cuidado e carinho que os adornos delicados merecem, a vários lugares, inclusive à praia.

E diariamente, quem está lá sozinho, emburrado e carrancudo? Ele. Solitário. Teimoso. Tardio. É o único ser vivo mal humorado na areia do paraíso.

Agora, Inês morta, ele vai.  No mesmo horário, no mesmo dia, no mesmo metro quadrado onde pisava a moça bonita.  Ele tem ir, tem que olhar, tem que ocupar aquele espaço. Tem que se aborrecer, tem que aparecer, tem que se contrariar.  Tem que se machucar.

A picuinha agora é só dele.  A moça bonita está ótima, e feliz, o Arpoador continua lindo, cada vez mais lindo, e o caríssimo continua teimoso. Era teimoso no Amor, e agora, no Desamor. A cada um, como seu destino ou  seu desatino, também dizia o meu avô.

O mar está para pinguim


Rio de Janeiro
Arpoador e Santa Tereza
Eu e você, você e eu

O Mar  está  para Pinguim


O Visitante de Inverno - click de Ana Schneidder - Arpoador, Julho de 2012
                                           
Olhos de ver, coração de sentir, e pele para arrepiar.  Acredito piamente nos sinais da Natureza.
Estamos em pleno inverno, caríssimos, e os dias estão de um azul brilhante e de um Sol abundante. Sol    que reanima o corpo, estranhamente quente a esta época do ano.
Inverno ensolarado,  iluminado,  inverno pleno de luz, de azul, de mar, de tanto mar.
Mar mesmo, mar aberto.
Oceano Atlântico no atlas e pacífico em meu coração.
Mar azul, de azul infinito, de azul pavão, de azul mar, de azul paixão, de qualquer azul luxuoso e absurdo, que o Bicho Homem tenta,  mas não consegue estragar.  Inabalável Mar.

E nesse Inverno assim, e nesse Mar assim, profetizando assim uma nova era de luz, a Natureza nos presenteia com pinguins.
Sim, eles vieram nos visitar.   Podem os biólogos,  geólogos e veterinários declararem sua comprovada sabedoria – “é rota, é caminho para a África do Sul” “ pararam aqui por que estão debilitados”  “ é o tsunami que mudou o eixo da Terra em dois graus”–  tudo bem, que eu não acredito.  Não mesmo.
Ando alerta.  Estou sensibilíssima aos sinais da Natureza.
Os pinguins vieram nos visitar porque estamos merecendo, caríssimos.  Finalmente, estamos merecendo. Quanto estamos de bem com a vida,  a Natureza conspira a nosso favor, e se faz clara, viva e presente. E quanto a  Mãe Terra  nos traz pelo Mar suas mais primorosas criaturas, é porque estamos no caminho certo, o caminho do Bem.

Sou do Mar. No Mar de Ipanema nasci e me criei.  Conheço o cheiro do mar, se é marola ou ressaca. À distância te digo se está para peixe ou não. Está. Para peixe e para pinguim. Para meu bem e para mim.

Hoje fui lá vê-los.  Avistei-os ao longe, nesse mar infinito, cabecinhas inocentes que não conhecem pecado, condenação, religiões. Distantes, léguas submarinas distantes da cobiça, injúria, difamação, pedofilia, luxúria. Cheque sem fundo e traição, nem pensar.  Mentiras?  Nenhuma.  São anjinhos de smoking, trajados para o baile de gala de Netuno.
Pelo ar, borboletas, passarinhos.  No céu, Estrelas que brilham só para você.  E uma Lua maior, imensa,  mais cheia, mais branca, mais próxima, como  a de ontem. 

O golfinhos também estão chegando, se aproximaram ontem.  São os bombeiros do Mar,  e ontem foi o dia do bombeiro.  Não dá para achar que é coincidência. Acaso? Claro que não. Temos salvação, sim, os bons de coração.

                   Golfinhos na costa da Av.Niemeyer, em 2 de Julho, dia do Bombeiro - foto: Globo

Escuto toda a Natureza dizer, em seu precioso e amplo silêncio:  prossiga. Prossiga. Prossiga.
Viemos aqui para  apoiar, para  sorrir, para  cumprimentar.  Seja feliz, dizem.
Obediente que sou, serei.  Seremos.

"ArpoAmor", por Ana Schneidder - Mar para peixe, pinguim, para você e para mim


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Na Esteira da CORAGEM

Rio
Arpoador
Ruínas
Mirantes



 Que este click de Ana Schnneider inspire o caríssimo leitor, e dê-lhe Coragem 


Eis-me aqui, para saudar os que tem Coragem.


Na esteira de Martha Medeiros, novamente.  Diva das letras, em sua crônica do ZERO HORA, em 17 deste Junho sagrado,  ela exalta a necessidade da CORAGEM, e cita situações em que nos falta a dita cuja. Isto de explicar um conceito pelo seu contrário, é fantástico, e no leva a mais e mais reflexões. Coisa de Mestre.


Obediente que sou, sigo a refletir um pouquinho mais sobre a CORAGEM, e da onde vem.

A palavra escrita tem por trás da forma, um significado.  Um conceito, formado pela observação ou pela vivência, individual ou coletiva. Pronto, temos então um filtro que nos faz enxergar e entender a palavra pelo nosso referencial, construído pelo nosso passado, ou imposto pelo senso comum.

Em algumas culturas, as palavras não são escritas com letras.  Para cada substantivo, um símbolo.

E o que é uma palavra, senão um símbolo?  Pode representar  a ponta de um iceberg ou um iceberg inteiro, se tivermos coragem de revelarmo-nos através das letrinhas.


Venho aqui, portanto, inspiradíssima por Martha Medeiros, e por Ipanema, e pelo Parque das Ruínas, e pelo Mirante do d.Marta, a falar da CORAGEM, neste sentido maior, neste sentido de símbolo. De revelação de um sentimento maior, que está por trás da coragem: a CERTEZA.

Toda vez que tomamos uma atitude corajosa, é porque temos a certeza.  Estamos de mãos dadas com essa Rainha das Ações. Dirão: não, Bettina Bruno, temos os impulsivos, aqueles que agem sem pensar. Sim, mas essezinhos, naquele momento de ação estão plenos de certeza. Cegos, até. Tão absolutamente convictos,  que não refletem, não planejam. Dispensam uma segunda avaliação dos fatos. Apenas fazem.  Não são esses os que eu saúdo neste post.

Saúdo aqui, os de fato corajosos, com a Coragem elegante que vem da Certeza. Aqueles que se olharam de frente, sem medo do que veriam. Examinaram suas feridas, abertas ou cicatrizadas, e concluíram que merecem uma outra chance.  O trabalho dançou? Não era esse o caminho? Coragem, rapaz! Busque em si suas melhores qualidades, aprume-se, e siga, corajosamente. A vida não é um mar de rosas, e não é um tropeção que vai tirar-lhe a dignidade, de jeito nenhum.

O amor não seguiu como queria? Não? Acontece nas melhores famílias. Tentou, fez de tudo, está com a consciência tranquila, caríssimo? Busque a resposta. Sim, porque a Certeza, vem, em grande parte, da satisfação consigo mesmo. Da auto-análise, da auto-crítica, auto olhar, batize como melhor convier  - a palavra é sua, a certeza é sua  -  conclua se fez o que se pode, dentro do que se pode. Se não fez mais, foi porque não pôde. Não teve da onde tirar mais de si, sem desfalcar-se definitivamente.  O limite da doação é a sobrevivência.  Ou por outra: não quis mais. Apenas desistiu no meio. Também vale. Desistir é uma solução, sim, muitas vezes salva a pátria. Salvei-me, inúmeras vezes, porque desisti. Prosseguir seria por demais sofrido ou impossível, e eu de fato, não sou mártir. Sou sobrevivente, e com o maior orgulho, estou viva, bem viva. Desistir também é entender, que tudo tem um ciclo, um começo, um meio, um fim, e que o fim nada mais é que um novo começo. Acreditem, por trás da palavra COMEÇO, existe um mundo novo. (mas isso é tem outros símbolos, e é assunto para outro post)

Então, certos de que tudo recomeça - CERTEZA !  -  os corajosos arregaçarão as mangas, e se deliciarão com vida nova, com alma nova, com trabalho novo, amor novo, coração novo, palavras novas, novos símbolos de novos e especiais sentimentos. Novas certezas, lindas, coloridas, musicais. Novos aconchegos, novas alegrias, nova energia. Novas razões.

Estou CERTA de que a CORAGEM traz prêmios. Raros, deliciosos, bálsamos nesta Terra Adorada, que nos conectam a pessoas na mesma sintonia de certeza e coragem. Os deuses protegem os corajosos, os tornam mais fortes, mais belos, mais produtivos. O destino junta os corajosos, e unidos, tem mais certeza, e mais coragem. Caminham em direção a novo destino.

E o que vem na esteira da Coragem, caríssimos corajosos, o que vem pela frente, estou Certa disso, é Fascinação.

Nota: este post precisa ser enriquecido pelas palavras sábias de uma caríssima leitora, sangue de meu sangue: "uma das  filhas da CORAGEM é a LIBERDADE"  - taí, para refletirmos mais e mais
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