terça-feira, 15 de novembro de 2011

Em primeiro lugar, a dignidade

São Conrado
São Beltrame
São Sebastiáo do Rio de Janeiro


O Camelódromo da Rocinha
Foto: blog olhar direto

" RIO - Sem pagar impostos ou oferecer garantias trabalhistas aos seus funcionários, 90% dos cerca de 6.500 empreendimentos existentes na Rocinha hoje são informais. O diagnóstico é do superintendente do Sebrae Rio, Cezar Vasquez. Para ele, a pacificação derruba uma série de barreiras e abre oportunidades para empresários, de dentro e de fora da favela." (O globo on line, em 15 de Novembro de 2011)

Eis a questáo.
Saiu o tráfico, entrará a Receita Federal.

O comércio informal (ilícito) da Rocinha movimenta milhòes. E o Leão, Dilma e seus camaradas estão fora deste saboroso bolo.

Pela sua privilegiada posição geográfica, com farta condução para Zona sul, Centro, Barra, Zona Oeste, a Rocinha tem um altíssimo contingente populacional empregado na economia formal. É empregado que interessa ao empresário, seu vale transporte é barato, então bóra assinar a carteira do pessoal. São milhares de trabalhadores, que saem do gueto para trabalhar e voltam com dinheiro no bolso para casa, (pouco ou muito, náo interessa), dinheiro no bolso, e àvidos para consumir. Pagavam bem para morar em meio ao tiroteio - os aluguéis eram relativamente caros, chegando a equiparar-se a preços de bairros bastante disputados pelo asfalto afora. Lugar privilegiado, São Conrado, vista deslumbrante. Com a dominação policial e militar valerá mais ainda.

E o Estado já identificou uma galinha gorda, imensa, com ovos de ouro incubados.
Ainda náo vi reportagem alguma sobre projetos (concretos) de saúde e educaçao; mas já vi esta belezura: a Rocinha pode se tornar o maior pólo comercial da Zona Sul, um Saara da Zona Sul. Receberá incentivos fiscais? Tarifas diferenciadas? Estímulos?

Ai, Jesus. No Rio, recolher e conferir impostos envolve mais agentes públicos (muitísimo bem remunerados) que a Saúde e a Educaçáo ( muitíssimo mal remunerados).

Acudam, Santos Cariocas. Deixem o camelódromo da Rocinha lá embaixo por ora.
Em primeiro lugar, as primeiras coisas, como diz sábia amiga. Comecemos com as Escolas e Creches em tempo integral. Com um Posto de Saúde equipado, bem lotado com ótimos profissionais. Com saneamento, com limpeza, higiene. Essas sáo as garantias de dignidade do cidadáo.

Priorizar pólo comercial, inverterá mais uma vez os valores: duvido que os impostos ali arrecados revertam para a comunidade. Nunca reverteram, e os traficantes se fortaleceram: o dinheiro tem que aparecer, e se náo vem de fontes legais, virá de fontes ilegais.

Que o Estado providencie o que é de sua prerrogativa providenciar. Não se preocupe com o pequeno comércio; o mundo ocidental aprendeu, desde 1751, o laissez faire, laissez passer. Estamos atrasadíssimos.

Não é hora de contar os tostóes da Rocinha. É hora de libertá-la da sujeira e das barreiras de acesso ao conhecimento e capacitação, impostas à sua populaçao por um Estado omisso e cruel. A comunidade 'roceira', educada e saudável, enriquecerá orgulhosa. Passará de mào de obra barata para mão de obra qualificada, estou certa disso.

Um comentário:

  1. É isso mesmo! Primeiro as primeiras coisas!!
    E a primeira coisa a fazer é inverter os valores dos governantes e do povo!

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