sexta-feira, 25 de março de 2011

A Outra de Woody

Rio de Janeiro, sempre, graças a Deus
Arpoador

Gena Rowlands e Mia Farrow

Woody Allen jurou, há anos, gravar um filme por ano, até morrer. E cumpre sua jura.
Em 1988 lançou A Outra. Esta obra tem as marcas do gênio - e do amor verdadeiro: 1. permanece emocionante através do tempo; 2.compreende profundamente emoções que por sua natureza não seriam compreendidas.
O diretor realiza um filme essencialmente feminino, aprofundando sentimentos que os homens, pelo menos os brasileiros, fazem de tudo para ignorar. As mulheres tem outras rotas emocionais. Querem sossego. Querem aconchego. Querem estabilidade. Enganam-se tranquilamente para preservar uma relaçao, mas os homens não. Logo logo dão um jeito de sassaricar por aí. Por isso digo; o meu feinho preferido é inigualável. Tece a rede da trama com os nossos especiais anseios.

Inventou uma heroína de meia idade. Professora de filosofia, membro da Anestia Internacional, intelectual dedicada à sua carreira. Filha zelosa. madastra atenciosa. A senhora é um primor de qualidades, colhidas a mão.
Um pouco fria, um pouco distante, um pouco calada.
Leva a vida sob controle. Hoje. Esqueceu as paixões da juventude, a pintura, o magistério, o encantador melhor amigo de seu noivo.

Apaixonou-se, casou-se e assumiu a pacata vida dos ricos, ligeiramente entediados - jantares, festas, óperas. Saem todas as noites, trabalham muito e não conhecem a intimidade, a insônia e preguiça um do outro. Estão ocupados.

O destino deu-lhe um psiquiatra por vizinho. Enquanto trabalha em seu livro, escuta as narrativas dos pacientes, conflituados por sentimentos desordenados, desconexos, perigosos. Buscam, desesperados, por respostas.

Ela esquecera as perguntas, e pensou estar satisfeita em seu mundo cheio de respostas corretas. Vem vindo pela maturidade afora, substituindo a jovem que fora pela madastra conselheira, pela filha atenciosa, pela irmã distante, a escritora. Onde ela se perdeu? Como reencontrar essa outra mulher que foi?
Ela é a outra, escondida de si. O marido tem outra também, mas isso não importa em absolutamente nada.

Sente-se forte. Quer outra vida. E terá.
Tudo começa quando termina a dor - a outra vida, a outra mulher, a outra alma.
Mais amor. Mais ternura. Mais entendimento
E pergunto, diretamente: você aí. É você mesmo ou é outra pessoa, onde, onde anda sua verdadeira alma?

Encontre. Coragem.

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