sexta-feira, 18 de março de 2011

Somos todos subvertidos

Março de 2011.
Leblon,
terra da arte.


DIVERSÕES DISTRAÇÕES GOZAÇÕES

Estou falando de SUBVERSÕES

Aloisio, Marcia Cabrita e Luiz Salem, em Subversões 21

E vamos nessa.Vai embora nessa linha, é o que há. Para rir sem parar.

Começou. Entraram pelos corredores vestidos de pai de santo, espalhando arruda e benzendo a platéia de famosos.
Anônima que sou, ganhei uma arrudada no ombro. Ótimo, foi de Salem, o alto astral dele dispensa a própria arruda. De turbante branco, não precisa de mais nada para fazer rir. Seguiremos rindo pelas próximas duas horas.
Inventaram uma entrega de prêmios. Anunciam uma categoria, por exemplo: " prêmio Wilson Grey". A explicação dos critérios é de chorar de rir; o ator brasileiro, que gravou 180 filmes nacionais, em língua portuguesa, para exibição nacional, em todo o território do Brasil. Depois citam os candidatos, um sempre destoará dos demais. O vencedor é Selton Mello. Luzes pela audiência. Veio, não veio? Ah, não veio porque está filmando. Em outras categorias, é marmelada, os vencedores estão sentadinhos rindo e assistindo, e sobem para receber o troféu. Escolheram bem, cada um na sua especialidade. Alexandre Borges, Julia Lemmertz devia ter ido, não foi. Categoria: inveja. Casal Feliz, bonito e rico. Sobe sozinho, mudam então a categoria de casal para galão. Dira Paes, Maite Proença, Cissa Guimarães, Luiza Brunet, Paula Toller, Isabela Capeto, Liege Monteiro. Quem mais filma, quem mais apronta, quem é mais sei lá o quê, quem é rainha de bateria para sempre, qual Isabela Capeto veste mais Isabela Capeto, quem arruma pulseirinha de festa para todo mundo. O tal troféu é uma pândega. Um bichinho de 1,99 mal colado ao fundo de um baldinho colorido de 1,99. A pessoa fica meio sem graça de receber aquilo. Poses, fotos, risos. Deboches gentis.

Sabe o que mais gostei? Do escracho. Descem o sarrafo na chatice, na bossalidade, na imposição, na cafonice. Riem de si, dos outros, da Globo, de Caetano, de Vanusa, da Lady Gaga. Riem dos casais gays combinadinhos, dos casaisinhos gente boa, e dos gays todos. Riem das promoters, dos diretores, de Marilia Pêra. Longos risos para os heteros, encalhadas, frustados, os bi (Salem ensina: não se usa mais isso de ser gay, o lance é ser bi). Dos bem sucedidos, dos solitários, do galâ da Globo, dos micos das famosas, dos filmes, enfim, riem da vida urbana, contemporânea, e suas variações. Esquecem esse negócio de meias palavras. Falam, cantam, rebolam, se abraçam. As bichas adoram ser bichas e Cabrita adora ser Cabrita. Muitas perucas para Márcia Cabrita – prova que também sabe rir da própria história, e que a comédia é o melhor remédio. Cura tudo.

E eu, nessas horas, mais que em outras, adoro ser espectadora. Estão promovendo um espetáculo que levanta seu astral. É crítica? É. Alguém precisa fazer. Pegue um lance chato. Você vê que estão forçando a barra. Pode criticar ou gozar. Aliás, avisam: gozam mais que em motel.
O humor nasce da crítica, vamos levar na esportiva o que incomoda. Se não tiver do que reclamar, cara, não tem do que rir.

Pense bem: você foi ao Lapa 40 Graus e achou quente, o Carlinhos de Jesus estava ensaiando uma comissão de frente, e você achou um saco. Foi ao Porcão da Barra, metros de fila, cheiro de gordura, boazudas, fortões, achou tudo um saco. Foi ao teatro no mezzanino do Sesc de Copacabana, não entendeu a peça, e achou um saco. Quer meter o malho na Sandy, mas todo mundo já faz isso, fica chato bater na mesma tecla. Opa, opa, opa. Os subvertidos vão submeter os chatos à ótica dos engraçados. E todo mundo vai rir, até os submetidos.

O momento mais hilário do mundo foi Salem e Aloysio, de camisa de renda preta, parodiando Caetano em “Guanabara”.Caetano estava ali, incorporado na dupla, gestos, trinados, mãos no cabelo, olhares, balançadas de cabeça. A Guanabara em questão era a Pizzaria Guanabara – " o gerente é cego.../ o garçom é cego.../ E o cliente não enxerga mesmo muito bem...". Não, injustiça. Cabrita de Vanusa, trôpega, desmemoriada, cabeleira para lá e para cá, canta o hino nacional em ritmo de "Fui eu". Não lembra o nome dos filhos, com quem casou, trocou, esqueceu. Fecham com chave de ouro.

São atores e é seu ofício interpretar, mas não quero crer que sejam diferentes do que vi. São fofos até falando palavrão. Caras de pau, desajeitados, despeitados. São queridos, muito, por todos, por mim - gostamos de estar perto de quem nos faz rir.
Sinal de saúde. Eis que confirmei outra coisa – rir faz bem, muito bem; digo mais, sem bom humor é impossível ser feliz.

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