sexta-feira, 23 de março de 2012

A primeira vez que eu vi Teresa

Rival
Aniversariante
78 anos de Rio


Teresa Cristina homenageia Portela

Foto: Flávia Metne
Em noite de gala, Teresa nos trouxe os sucessos da Portela, escola do coração. Para quem está reconhecendo o belo figurino, é de fato o traje do desfile deste ano, no enredo de saudação a Clara Nunes

Muito se falou e se fala sobre Teresa Cristina: que seu canto chamou os cariocas de volta a Lapa, que seu grupo Semente faz samba como ninguém, que compõe, que canta, que é digna, que é tímida, que sua mãe chama-se D.Hilda, que canta Roberto Carlos, que faz sucesso mundo afora, e que aliás, esse sucesso modificou sua vida. Hoje tem fama, fãs, sucesso, tem carinho do público. Agenda cheia, lotada, seguí-la exige fôlego.

Faço coro a tudo isso. Desde a primeira vez que vi Teresa. "Achei que tinha pernas demais, e olhos mais velhos que o corpo - os olhos nasceram primeiro e ficaram esperando o corpo, que nasceu depois" ( Manuel Bandeira). Sim, Teresa é diferente; é simples, pernas e braços finos. É miúda, quase franzina, e tem uns olhos penetrantes que vêem dentro da gente. A voz vai longe, a personalidade vai longe. Canta o negro, o carioca, canta os mestres, e cantamos com ela. Fui ao seu encontro, à saída, conferir esses olhos muito escuros. Digo porque vi. São de fato mais velhos que seu corpo. Aparentam anos luz de sabedoria e curiosidade, o quê justifica-se, pois a sabedoria é necessariamente curiosa.

A noite de 23 de Março, no Rival, foi uma dupla homenagem. O Teatro histórico completando 78 anos de vitoriosa existência, e a dama do samba homenageando, em branco traje de gala, os compositores da Portela. Esclareceu, com sua voz macia, que cantaria sambas seus também. Mas é compositora da Portela? Não, mas compõe, e é Portela. Justificado, e com com louvor.

Mais uma noite em braços do samba, e do meu bem. Sucessos conhecidos, repaginados, ou com arranjo original. O grupo Semente dá conta do recado, e os sambas voltam, cantados, susssurados, exaltados. Há quem diga que é repertório repetitivo? Sim, é mesmo, e é bom que seja. Tal qual o refrão da música preferida, que decoramos; como o prato predileto que saboreamos no aniversário. Como o perfume que usamos há anos, como o Jorge Amado e o Drummond na cabeceira. Como o ombro amigo da melhor amiga. Como o beijo desejado, que queremos mais e mais.

O show de Teresa é assim. Pode cantar de novo. Mais um. Escolha todos mais uma vez. É certo, é samba seguro, é Portela na avenida, caríssimo, e Portela não tem erro.

Esta que vos fala e Teresa, a Cristina, da Portela, do Samba, do Rio

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