quarta-feira, 31 de agosto de 2011

400 contra um

Ilha Grande

Caldeirão do crime

Bandidos bem intencionados
Daniel Oliveira e Daniela Escobar, o Professor e Tereza, bandidões. Nunca pensei

400 contra um conta um período histórico da administração penitenciária do Brasil - um sistema que nasceu falho, cresceu corrupto e pesa, podre e caro sobre o orçamento da União. O filme é ambientado na década de 70, tempo do militarismo. Presos politícos encarcerados sob o mesmo teto que os presos comuns, e a troca didática foi péssima. Formou-se a Falange Vermelha, quadrilha de alta periculosidade, cujo objetivo maior era assaltar bancos e levantar verba para financiar fugas de mais presos políticos. Mas náo foi bem assim, e a idéia náo seguiu coesa.

O ideal perdeu-se. O filme também.

Palavras demais para poucos dialógos, que beiram em em certos momentos, ao incompreensível. Construir a história no tal do vai e vem do tempo exige precisáo, e náo ocorreu. Em certos momentos o espectador náo sabe em que pé está a coisa, já teve fuga, que fuga é esta, já teve rebeliáo, que rebeliáo é essa agora? Enfim, faltou. Faltou o que sobra em Cidade de Deus e Carandiru. O ir e vir do tempo fora de ordem, mas totalmente ordenado aos olhos de quem assiste.

Bem está Daniela Escobar, descolorida e engordada para o papel. Pela primeira vez em sua vida, atua. Convence como uma mulherzinha de última categoria, a quem o destino ofereceu somente duas opcoes: ou apanha do marido bêbado ou vira mulher de bandido, e o bandido é Daniel Oliveira. Ela opta pelo item 2 e empunha uma arma que é uma beleza.

Preocupa-me deveras outro item. Mui particular.
Veja a foto abaixo
O time acima náo está tirando onda? Sim, sáo os assaltantes de banco da Falange Vermelha. Dinheiro no bolso e arma na máo

Agora bandido é bonito. É corajoso. É charmoso. Bandido virou objeto de desejo. Garotas da classe alta se mandam para as comunidades atrás deles. Eu babei pelo Duque cruel de Milhem Cortaz no "Assalto ao Banco Central". Estamos curtindo o crime, gente?

A injustiça da sociedade é tanta que confunde as convicções. Entendemos o roubo porque somos roubados, e porque, sinceramente, talvez roubássemos se estivéssemos no lugar dos infelizes de outras castas. Entendemos a violência porque temos raiva também, e precisamos de terapia e remédios para náo fazer besteira.

Estamos próximos demais dos sofrimentos humanos e das suas reações.

Estamos táo misturados entre o Bem e o Mal, entre o licíto e o ilícito que fica difícil manter a clareza. Estamos correlatos demais, Avizinhados demais, entremeados demais. O bom moço náo existe mais. A moça tem péssimas intençóes.

Paremos. Vai falar de crime? Posicione-se. Contra. É preciso firmar-se nisso. Os crimes, violentos ou náo, sáo crimes. Seráo castigados, ou deviam ser. Podem trazer dinheiro e até poder, mas ferem inocentes. Punem quem não merece punição.

Temos que manter em mente que bandido é bandido, independente da melhor da intençoes. Com arma, sem arma, rico, pobre, bandido é bandido e merece condenaçao. Senáo queridos, já já começaremos a perguntar: Quem é bom? Quem é mau? Quem é você?

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