domingo, 21 de agosto de 2011

As Jucicleides da nossa vida

Rio de Janeiro


da zona norte a zona sul
estáo soltas por aí
sei lá onde mais



   Para uma cidade linda como essa, só rainhas...
   Foto: Ana Schnneider

Caríssimos, conhecem a Jucicleide?

Não?

Conhecem sim.

Jucicleide é carioca, injustiçando a majestade de nosso Rio. Seu nome de batismo acusa o mau gosto do ambiente onde nasceu e pode apresentar variações, mas por corporativismo manterei o Jucicleide mesmo.

Tem clones pelo Rio de Janeiro afora, da zona norte a zona sul, chegando, evidentemente, a Jacarepaguá, onde abundam, sei lá porquê, talvez pela vizinhança com a Cidade de Deus, onde a educaçao e cultura náo sáo prioridade no governo de nosso município.

As referidas moçoilas sáo bonitas. Cabelão. Corpão. Tropeçam aqui e ali na gramática, mas acertam na plástica, desde que não se exija elegância; muita plataforma, muito tamancão, calça strech, barriga de fora. Pode ser que usem piercings, talvez, e os cabelos são sempre bem esticadinhos. Rola decalque colorido na unha postiça. Comem muita besteira, mas náo pesa na cintura ou no quadril. Falam besteira, mas não pesa na consciência também.

Para elas, mulher de trinta é coroa. Adolescentes recebem a nomenclatura de "novinha". Mães de amigos e sogras são chamadas de~"tia". Música? Funk.
Lazer? Churrasco. Teatro? só comédia, pô, maior coisa socialzinha. Livro? Jornal? Náo faz pergunta difícil náo.

Queridas, náo as menosprezemos. Por elas nossos maridos ficam bobos.
Adoram sua superficialidade, sua facilidade para a diversáo.
A vida com essas senhoritas é mais limitada, porém sem dúvida alguma, mais leve. Perto delas somos chatas, reclamonas e gordinhas.

É, meninas, morte cruel às Jucicleides. Enquanto estudamos Proust e Descartes, estáo malhando. Enquanto experimentamos roupas estilosas e criamos tipos e fantasias, usam uma simples calcinha fio dental, e o sujeito (aquele que diz que você tem classe, e que você é mulher de orgulhar qualquer um) vai perder a cabeça na hora.

Ah, os homens. Nada mais óbvio: são bobos. As mulheres inteligentes os ameaçam. As mulheres carinhosas os sufocam. As mulheres independentes os diminuem. As estudadas os humilham. As engraçadas debocham deles. As elegantes os ofuscam.

E as Jucicleides... bem essas os atraem.

Meu segundo ex-marido optou por sua Jucicleide há anos atrás. Náo aguentou. Meu ex-namorado fez pior: sua Jucicleide é da turma do baile de briga, e se entitula Barbie do Castelo. Que vexame.

Uma querida amiga acaba de passar por esse necessário capítulo de nossa existência emocionalmente ativa: a criatura preferiu uma Ju, dessas que tiram fotos de costas nas redes sociais, para mostrar a derriére. Está incomodadíssima, cabeça pensante que é, intrigada com essa lógica da atração.

Porque se for para perder, que seja para uma adversária mais respeitável. Concordo.

Mas o homem brasileiro é tão previsível. Prefere as presas fáceis, as que adulam o ego, e que se náo agregam valor, também náo introduzem mudanças. Não dá trabalho amar o inferior. Já a paridade exige esforço para manter-se; estar ombro a ombro com um par qualificado demanda movimento. Cansa.

Deixe para lá. Daqui a pouco, amiga, ele vai estar falando "ném". Doce vingança.








Um comentário:

  1. Pra uma boa entendedora, que é a dona do blog, dez gargalhadas bastam? Eu dei pelo menos umas vinte!
    Sorte nossa, Ju que se preze enjoa fácil. Predadoras que são, coração (ou bolso) destruído é aviso de que o momento é de procurar novo território a ser dominado...ou devastado!

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