segunda-feira, 11 de junho de 2012

Não Existe Mulher Difícil

Teatro do Leblon
Irresistível Labirinto Teatral


Não existe mulher difícil
(só mulher impossível)




Marcelo Serrado em "Não existe mulher difícil"
A partir do livro de André Aguiar Marques.
Texto de Lucio Mauro Filho
Direção: Otávio Muller


Marcelo Serrado sobe aos palcos para levantar, em monólogo, a bandeira do machão infeliz e mal amado, vejam bem, se isto é coisa que se faça.
Quem discordará? Marcelo é jovem, bonito, e talentoso. Por ano e meio nos convenceu que era Crô, a governanta gay da toda poderosa protagonista da novela das oito. Ele discorre, com sucesso durante sua hora e meia de stand up, que a mulherada é neurótica, traiçoeira, ninfomaníaca, e chata para caramba. Como sempre, a única qualificada foi esposa, justamente aquela que não o quis. Saímos cientes que os relacionamentos tem curto prazo de validade, todos em algum momento de separam, e que traições fazem parte do jogo. A certeza maior, caríssimos, é que o Bicho Homem, na verdade, tem pouco para dar, e muito a pedir.

O texto, atualíssimo, situa essa maluquice que é a relação a dois no mundo moderno. Brinca com as brigas nascidas dos murais abertos do Facebook, com as fofocas das amigas, a compulsão feminina de comprar bolsas caras, o radicalismo das naturalistas. Ironiza com os quarentões que vão às festas para solteiros.  Reduz o Twitter a um mico coletivo, e por aí a fora. Upload on line, ainda pede a Xuxa que não renegue o Rei Pelé.

Você ri, o  espectador ao lado ri, os casaizinhos riem, os solteiros riem. Tanto por que é engraçado, a maioria do tempo, como porque às vezes ficamos sem graça. Caríssimos, estamos no Leblon, ponto chique de gente chique, não dá para achar graça em seu pedido ao iluminador para apagar as luzes, que ele não quer ver a cara de ninguém.  É uma dessas vezes que a gente ri, assim, meio sem rir. Outra: quando ele avisa que quem estiver achando chato pode dormir, estamos pagando e ele não se importa, pode dormir nas filas do canto sem nenhum problema. Aí  Marcelinho, cuidado. Você é bom demais para enveredar por esse caminho.

Marcelo Serrado é também médium;  às vezes Crô reencarna. Rimos de novo, Crô será Crô para sempre, e nos fará gargalhar sempre. Marcou, pronto, marcou, e é indiscutivelmente um trabalho excepcional de sua carreira de ator. E cá para nós, em todas as mulheres que ele representou, vi pouco de Crô, e um pouco de todas nós, malucas, difíceis, impossíveis, e adoráveis.














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