quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Enxergar

Rio
Sei lá mais onde

Vamos enxergar... aos pouquinhos... cada um a seu tempo


Queixo-me tanto, e por vezes acho que estou ficando impaciente, irritada.

Engano. Antes assim.

Não parece-me possível que certas pessoas estejam sempre satisfeitas; estas criaturas sorridentes e cantantes a quem o mundo agrada por demais - há algo errado aí. Iludem-se.

O mundo, caríssimos, é injusto e cruel. Precisamos percebê-lo assim.

Deixe doer. Tenha a honra de inconformar-se; impulsionará seus pés para terrenos mais firmes, para o terreno das conquistas verdadeiras, construídas sobre a realidade.

Se náo enxergarmos os problemas, eles crescem. Tomam conta do solo e subsolo da vida. Sobem como a hera no muro.

Problema é coisa peculiar, que precisa de sigilo para crescer e multiplicar.

Quando exposto à luz, parece minguar. Sei lá, parece que ao ar livre seca, murcha; do contrário, às escondidas, aumenta. Forte e invisível a olho nu.

Sim. Cada vez que tentamos náo enxergar, náo incomodar, não reagir, alimentamos os problemas com a vitamina da omissáo.

Deixe o olho arder. Incômodo preço do movimento, coçar, agoniar, chorar. Lacrimejar e expulsar as inconveniências de nossa vida, tal como a lágrima expulsa o cisco. Neguemo-nos, terminantemente, a conviver com o que é ruim.

Olhos que só vêem justificativas e esperança, são os olhos dos enganados. Esses olhos náo servem de guia. Não vêem o mal do Homem, o mal que é nosso, está no sangue e na carne, por dentro. Precisamos de olhos atentos, de Raio X, e sugiro começarmos pelo nosso próprio umbigo.

Olhos abertos para o que está debaixo do nosso nariz.

Não reclamemos dos que os olhos vêeem. De fato o mundo é injusto, cruel, e doloroso.

De fato o Homem é sábio, generoso, corajoso.

Poderá mudar o mundo?

Não.

De olhos abertos e alertas, poderá mudar a si mesmo.

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