sábado, 10 de setembro de 2011

O Negro Jazz de Mr. Branford

Rio

Leblon

I wanna jazz with you

All nigth

Branford Marsalis, sax premiado mundo afora - chique que só ele

"O Branford Marsalis Quartet é integrado por Branford no sax, Joey Calderazzo ao piano, Eric Revis no baixo e Justin Faulkner na bateria. Marsalis teve seu talento reconhecido por uma infinidade de prêmios, entre os quais se destacam um Grammy e um NEA Jazz Master. Um dos instrumentistas mais reverenciados de nosso tempo, ele lidera um dos melhores quartetos de jazz em atividade." (O Globo)



Branford Marsilis é um monstro do sax.

É um monstro do Jazz.

Veio com sua banda ao Rio, hospedaram-se no Copa, e apresentaram-se no Oi Casa Grande. Trata-se do Jazz All Nigths, projeto patrocinado pelo Bradesco e pela Citroen, que trouxe seu quarteto para o Rio e para Sáo Paulo, e trará outros monstros maravilhosos para o deleite dos brasileiros.

Coisa de gente muito fina. Coisa de quem curte jazz.
Coisa de quem conhece boa música.

Fui. Náo sou muito fina, mas curto jazz e amo a boa música.

E acima, e além, e por sobre, e em luzes neon, amo ver um negro em seu utmost.
Em seu auge profissional. Ainda mais um negro norte americano, terra de Obama, terra dos racistas da Klux Klan. Vibro com a vitória racial. Preconceito inverso.
Melhor. Todos somos preconceituosos com alguma coisa, que seja entáo, na forma inversa: o reconhecimento.

Mr.Branford entra no palco com a nobreza dos experts. O fair play dos que levaram anos preciosos e horas preciosas cultivando a técnica e a precisáo. Move-se com o despojamento dos exímios. Seus sax - tenor e barítono - sáo mais dourados. Sao mais dançantes, mais alarmantes.

No som de seu quarteto há blues, pitada de blues, pitada do lamento do sul dos Estados Unidos. Há muita música clássica, européia, matemática quadrada dentro da bolha flexível do jazz.
Vitória do improviso absurdo, da brincadeira, da possibilidade do artista de voar em solo, amparado pelo piano vibrante de Joey Calderazzo, pelo belíssimo cello de Eric Ravis e pela bateria furiosa de Justin Walker. (Meu irmáo é músico. Diz que quando um baterista é bom, é um relógio.) Ai, irmáo, perdáo. Esse Justin, jovem jovem de todo, náo é relógio, previsível e compassado. É uma locomotiva, e vem abrindo a estrada para o sax de Branford.

Quantos anos uma criatura precisa para atingir esse ponto? Ponto de luz.

Seu sax náo emite só notas perfeitas. Emite luz. O espectador tem insigths visionários assistindo Branford. Entorpece. Tudo ao redor parece de repente uma grande mentira, uma farsa. Uma irrisória irrelevância é o que somos, pasmos, diante da potência de sua música.

Tudo ao redor é pouco. No palco chique do Leblon chique do Jazz chique, eles fazem sacudir as cadeiras na maior classe. Só no terno e gravata. Vem de New Orleans, e vem trazendo a tradiçao do balanço musical. Há um gingar de ombros a delatar que nem eles resistem. O jazz, caríssimos, é a música do balanço.

Mr.Branford homenageou o espectador carioca com o seu talento. Inquietou-nos, pés e mentes.
Partimos em êxtase para a terra dos deuses.
Mas os pés ficaram, e todas as cadeiras balançavam, toda a noite ficou negra, e todos amávamos o seu jazz.

Mr. Branford at work


Justin Walker e sua bateria, impecáveis em balanço e precisáo

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