domingo, 11 de setembro de 2011

Sunday Bloody Sunday

Day After
Sunday After Sunday


Horas como gotas


A Biblía diz que devemos guardar os domingos para Deus.

As famílias costumam reunir-se aos domingos.

Para a galera da nigth, domingo é o dia da ressaca.

Para os pombinhos, dia de ficar abraçado na cama até mais tarde,

almoçar tarde,

náo sair da cama.

Para os atletas, dia de um treino mais puxado - pedalam mais kilômetros, correm mais longe.

Para os pais separados, é dia de ver os filhos, para alegria ou alívio da consciência.

Aos estudantes esforçados, é tempo para colocar o aprendizado em dia.

Para todas as qualidades de gente há algo a fazer aos domingos, ainda que nada.

Ainda que seja um dia para a preguiça, para muitos é a preguiça a ocupação lânguida do domingo. Deliciosa preguiça, aguardada, reconfortada.

Mas náo para a raça dos solitários.

Para estes o domingo é cruel. A preguiça é abandono.

As horas passam desconfortáveis.

Seu estigma é mais vísivel, sua chaga mais aberta.

Sua dor é mais doída e a indiferença alheia é mais sentida.

Os outros estáo mais surdos aos domingos.

Domingos arrastados para os que amaram sem sucesso, sem retribuição.

Para os que não receberão visitas ou telefonemas.

Ou convites. Ou pedidos.

Olham ao seu redor, atônitos, vazios de si, vazios do mundo habitado; a paralisia é maior, a vida é maior, o silêncio é maior.

Pode haver um churrasco no vizinho, mas há silêncio.

Estão sós a sós.

Dormiram sós, acordaram sós, vivem sós.

Passarão pelo dia devagar e previsível como a gota pingando da pia mal ajustada.

Incômoda, repetida gota, irritante gota.

Incômoda

Incômoda

Incômoda

Incômoda

Incômoda

Incômoda

Incômoda

Incômoda Vida

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