quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Não é só bobagem

A novela das Sete
Morde, beija
Quer, náo quer
Assopra, junta
Separa


Náo é novelinha náo

Pasquim e Adriana, na pele de Abner e Julia

A novelinha das sete parecia-me isto: novelinha. Besteira, bobagem, vamos achar engraçadinho e bobinho.

Esta é a era dos enganos. Enganada de novo. Bobagem nenhuma. A ficçào está assim ó com a verdade dos fatos.

Os casais - e são muitos - passam metade do tempo brigando, metade do tempo voltando, e se outras metades houver, passaráo indecisos, impulsivos, ofendidos, manipuláveis e... infelizes.

Eita novelinha para casal nenhum emplacar. Armações, suposições, engodos. Caso pensado ou acaso mesmo. Terceiros invadindo o astral de romance. Infelidades de bom coraçao, quase inocentes. Flagras. Tudo dá errado com os pombinhos das Sete, e náo dá para comentar sobre todos. Seria preciso uma monografia.

Escolhi o que pareceu-me mais representativo. Náo, náo é o dos geniosos protagonistas acima. As brigas deles tem o tempero da dominação. Esfolam-se, mas náo titubeiam. Bem sabem que se gostam.

Escolhi um trio - a mocinha, o padre e o delegado - cujos empecilhos estáo mais no campo do querer propriamente dito.
Melissa (Marisol Ribeiro) se encontra com Francisco (Erom Cordeiro), após mentir para Wilson (Max Fercondini), e deu-se o embroglio

O padre Francisco é jovem e belo. Indeciso entre os votos de castidade e a tentação do amor que sente pela paroquiana Melissa, náo conseguia dizer sim, e nem náo. Hesitante e dividido.

Ela náo. Melissa náo tinha dúvida nenhuma, até que o padre afirmou estar em dúvida. Afastou-se dela e da paróquia, para refletir.

O delegado, lindo, louro, viril, gentil, este náo hesitou. Partiu para a mocinha. Seu recato o incentivou, é táo bom conquistar. Ela cedeu e ficaram noivos. Que ótima oportunidada para esquecer o padre e constituir sua família, ao lado de um ótimo maridinho.

O padre volta. Ela recai. Quer beijá-lo. O delegado vê. Desconfia dela.

Basta,né?

Sabe-se lá que fim dará. Precisamos da entrada em cena da certeza, ou da decisáo, ou da coragem, ou da renúncia, ou da opçao. Da definiçao, invulnerável, irredutível que reorganizará este roteiro.

Precisamos do elemento que empurra o Amor para frente - a escolha.

Senão, ficamos assim, em círculos, como no Morde e Assopra.

Senáo a história náo chega ao fim e o Delegado náo casa, a Mocinha náo tem lua de mel, e o Padre náo é padre nem moço solteiro.

A coragem, senhores, vem da certeza. Sem coragem e sem certeza náo há Amor, e sem escolha náo há como saber se há certeza. Se há, ou náo há, Amor.

Ou se tudo é brincadeira do Destino. Ou se sáo nossas as mãos do Destino e brincamos de marionetes, uns com os outros.

Escolhamos um par,e sigamos. No ritmo. Essa coisa de hoje sim, hoje náo, posso sim, posso náo, quero sim, quero náo, vou ver, náo sei, sei lá, náo consigo, náo entendo, melhor náo, porque, pois bem, entáo deixa, isso nem em novela aguenta-se.

Como vemos isso mundo afora. Permissivos, entre os prazeres e os medos, deixamos a coisa seguir, e segue assim - enchendo e esvaziando. Gostando e negando. Querendo e dispensando.

A vida real náo é assim? A novelinha das Sete náo está mais para "A vida como ela é"?

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