quarta-feira, 4 de abril de 2012

Formidable

C´est si bon
You are the one for me
For me
Formidable


Marcelo Abduh, em cartaz com seu espetáculo FORMIDABLE
Direção: Marco Marcondes
Direção Musical: Liliane Secco
Teclado – Liliane Secco
Baixo – João Mario Macedo
Bateria – Omar Cavalheiro


Caríssimos, entendem os fenônemos da comunicação? São misteriosos.

Frequento bastante os teatros do Shopping Gávea, que Deus assim conserve, e ainda não tinha visto um cartazinho sequer sobre o Formidable.
Pouco ou nenhum espaço na mídia.
Recebi o convite pelas mãos de um novo amigo, recém conhecido, e já tão gentil, e sua deixa foi esta aí: um ótimo espetáculo, pouco divulgado. O anúncio no site do teatro informa horário - 19 horas , preço - 50,00 - e o desafio de misturar dramaturgia a fatos insólitos e canções francesas.
Fui para conferir.

Aportei no Teatro das Artes, segundo andar. Cartaz imenso de Leandro Hassum. Cartazes menores do infantil. Continuei a buscar a publicidade, e nada. Se está por lá, eu não vi, e peço que me mostrem. Indaguei a bilheteria: Formidable é aqui? Era. Entrei, e surpresa, a casa estava cheia. A divulgação correu pela mídia transparente e altamente eficaz, de última tecnologia, chamada boca-a-boca.

A platéia estava formada, em peso, por animados e elegantes representantes da terceira idade. Esta que vos fala estava mais para debutante que para quarentona, estatisticamente falando. Encontro querido casal amigo, e nós três éramos a ala jovem do público.

Então eu entendi, e não entendi.

Entendi a presença dos queridos septuagenários: Marcelo Abduh cantou a trilha musical dos seus anos de ouro. Aznavour, Piaf, Brel, e os americanos Tony Bennet e Sinatra, que entraram na roda por imortalizarem canções escritas por franceses. O piano impecável de Liliane Secco. Som límpido, para fechar os olhos e rodopiar pelo salão de baile sob o brilho de candelabros de swarovsky, em longos sedosos e em black tie. É a envolvente música francesa, que marcou época, e cá para nós, não encontrou substituta à altura no gênero. Músicas eternas de uma era eterna, que não existe mais, caríssimos. A coragem que tinham os seres humanos... amavam descaradamente, e declaravam seus amores, sucessos e desilusões com toda a classe e talento musical.
Que c´est triste Venise, Fly me to the moon, Et Maintenant? Formidable, C´est si bon, e a minha preferida: She, ou tous les visages d´amour. Abduh recebeu a convidada especial Simone Centurione, voz privilegiada, que duplou com ele, em parcerias brilhantes. Ao lado de Claudia Netto, a estrela de Judy Garland, está entre as vozes mais lindas dos últimos palcos, e devem ser mais exploradas nos musicais, atenção produtores. São jóias raras.

Abduh e Simone Centurione, rara beleza vocal

Tive o impulso de levantar e dançar, não podia, mas confesso que ao encontrar meu par, horas mais tarde, o efeito da chanson d´amour persistia: eu estava terrível. Inspirada dos pés a cabeça, passando pelo coração. Não foi à toa - o repertório, os intérpretes, e os músicos eram de primeiríssima qualidade. E se tem coisa neste mundo que gera reações positivas no próximo, esta coisa é a qualidade da Arte. A Arte é o melhor remédio, já diziam os antigos. Se não disseram, bem, digo eu mesma.

O que não entendi, e prossigo sem entender, é a descrição do espetáculo, disponível no site do Teatro. Ao contrário do que anuncia o site, não há nenhuma dramaturgia. Não há narrativa de fatos insólitos. Marcelo Abduh se mostra como cantor, e fantástico cantor. Ele canta as músicas de francesas de maior sucesso do século XX e pontilha, aqui e ali, histórias engraçadas de sua família tijucana, que foi viver em Paris na década de 70. O confronto amigável dos brasileiros com os franceses traz 3 ou 4 histórias alegres de se ouvir, mas que não são insólitas, longe disto, e tão pouco constituem-se como dramaturgia. Este é o espetáculo de um entertainer, e não de ator; apresenta um belíssimo show de música ao vivo. Não podemos ir esperando um monólogo musicado, não encontraremos.

Sob a proteção da Tour Eiffel, Marcelo, recordando sua Paris

Ah, sim, entendi mais ainda, sobre o porquê das cadeiras, todas ocupadinhas pelos simpáticos velhinhos: Abduh canta o amor da época do amor com muita classe, não mais entre nós. Remonta a tempos idos. O tema é o amor, o amor romântico, entregue, gentil, enebriado pelo próprio amor e seus mais nobres rituais. Valorizado por quem viveu amores assim, formidáveis, ele merece os aplausos e segue, casa cheia, sem cartazes pelo Shopping.

Encerra agraciado, e pedindo ao seu entusiasmado público que prossiga recomendando-o; explica que foi graças a recomendação dos que o assistiram que a temporada será prorrogada até 28 de abril. Eficiente comunicação.

Caríssimos, sou defensora do amor, de todas as épocas e de todas as formas. Recomendo Formidable para todas as idades. Recomendo cantar o amor, que é sem dúvida, um formidável espetáculo.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Certas coisas também eu não consigo entender amiga...
    Parabéns pelo belo comentário e pela excelente dica.
    Vou assistir... Adoro musicas francesas, a minha preferida é "Que c´est triste Venice? Charles Aznavour.
    Só faltou dizer os dias e horários. Mas eu procuro no site do Teatro. Bjks

    Deyseh Lúcide

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    1. Amore, Formidable é lindo, e saí com MUITA VONTADE de dançar!!!! Beijos, depois diga se gostou

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