terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Deixemos o BBB para os inimigos

Big Brother - desvie esse olhar



O número 13. Dizem que dá azar. Ah, deu, isso deu, deu azar geral.

Não tem jeito. Hoje não serei suave. Não. Serei repetitiva, não como o refrão da música preferida, mas como um mantra de exorcismo. Vamos boicotar, ou, vamos com Gil, "Vamos fugir, para outro lugar, baby..."
Somos sádicos? Sim. Somos masoquistas? Sim. Somos fofoqueiros? Sim. Voyeurs? Sim. Insaciáveis? Sim. Mas espectadores do BBB não, isso não. Será ofensivo demais se o formos...

Robespierre, por favor, acuda-me: "Não concordo com uma palavra do que dizeis, mas defendo até a morte vosso direito em dizê-lo". Podem produzir, são livres para isso. Podem colocar no ar, é democracia, é exercício de liberdade. O urgentemente preocupante é que milhões escolhem assistir.
É melhor dormir, gente. O sono recupera células nervosas, faz bem à pele e uma boa noite de sono traz, bem, hum hum, disposição, se me fiz entender, para as ações do dia que começa.

Defendo até a morte a liberdade de exposição do corpo, e porque não, dos pensamentos. Mas não posso aplaudir a comercialização do comportamento que ofende, agride, magoa. Entristece ver gente jovem e bonita em atitudes tão negativas. São maiores, capazes, imputáveis até. Podem fazer o que quiserem. Entristece mais ainda reconhecer que os compradores do pacote Pay per View (aquele pacote da TV Fechada que você vê o BBB on line, full time, such a terrible time it must be)são cidadãos das classes com bom poder aquisitivo. Tem acesso a outras opções. Querem esta. Há um sociológo que afirma que as elites intelectual e econômica estão desencontradas. Preciso acreditar no contrário - que a elite intelectual está dispersa por toda as nossas disfarçadas castas. Estudei para isso. Trabalho para isso. Assusta-me o oposto.

Não falemos de moral. Não quero bons modos, bom senso ou bom gosto - como diz Adriana Calcanhoto, eu não quero. Falemos de ética. Falemos de música, de prosa, de verso, de amor, ou de sexo. De samba. De suor. De swingue. Falemos de todos os nossos escritores, cantores, compositores, pintores, escultores, poetas, coreógrafos, bailarinos, músicos, atrizes, atores, acrobatas. Falemos de Carnaval, de política, de religião. Falemos de nada. Falemos até ao esgotamento da voz, revelemos as mais sórdidas preferências duramente ocultadas, mas não vejamos BBB. Voltemos ao famigerado Bruno, ex- goleiro do Flamengo, que soterrado pelas desgraças nacionais que sucederam a tragédia Elisa, sem dinheiro, sem fama, é um marginal como qualquer outro. Caiu no esquecimento de uma cela, quiçá lembrado pelos seus iguais. BBB sem audiência é isso, um nada. Abandonado pelo público,não valerá um real sequer.

Deixemos para nossos inimigos, poucos, pouquíssimos. Mas enquanto tiver platéia, quórum, e vender Pay Per View, vale um milhão e meio. No mínimo. Haverá outras edições - até quando meu Deus - e será produzido e vendido. Desesperados enviarão vídeos e comemorarão sua participação.
Tenhamos conjuntivite coletiva. Fechemos os olhos físicos para abrir os olhos da alma. Lavar o olhar, com o colírio do respeito e da auto estima, e mostrar que brasileiro não é massa de manipulação. Não mais.

Um comentário:

  1. Quem dera este belíssimo post fosse lido em todas as TVs ou pelo menos no momento de maior audiência, para que todos os brasileiros pudessem ver por olhos inteligentes o que está na cara: BBB é uma porcaria que mantem a maioria entretida, enquanto deputados, senadores, bandidos e outros desta laia fazem o que querem sem censura alguma. Eu poderia falar muito mais, mas creio que acertaste na medida Bettina!!!
    beijo

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