quinta-feira, 5 de julho de 2012

A primeira vez que eu vi a Banda

Ipanema
Sempre Ipanema


O síndico e eu


A Banda do Síndico,  em sentido horário: Adriano Ginfone no baixo,  Paulo Braga na bateria, o trompetista Silvério Pontes,  Perinho Santana, Guitarra, Fabiano Segalote, Trombone,   As backing vocals Bia Falcão e Suzana Carvalho, lindas na foto, participam eventualmente.  Toca Delamare no teclado,  ao centro o vocalista Bruno Maia e o saxofonista Tinho Martins. - Vamos chamar o síndico


"Eu tava à toa na vida 
O meu amor me chamou
Para ver a Banda passar
Tocando coisas de Amor"




Nada disso.
Isso foi depois.

Bem, uma história se conta do começo, e é preciso contá-la com dignidade  - contexto, cenário, pretexto, razão. Texto, sub texto, entrelinhas, sugestão. Vamos lá.

O começo é muito moderno - virtual. Alguém postou no Facebook que a Banda do Síndico, formada por integrantes da Vitória Régia, a magnifíca banda do Tim Maia, apresentaria-se aqui em Ipanema, em cima do mar, e embaixo das estrelas.  Neste exato momento eu, que tenho mania de ver, eu ouvi a metaleira. Pulsando aos gritos na minha cabeça. O som alto, preciso, imperativo - Dance, dance, dance. Os metais brilhantes, os músicos impecáveis, o comando para o balanço, para horas de balanço. Eu não sossegaria se eu não fosse. Esse é o começo.

O meio é que eu iria ver Debora Colker e sua Tatyana russa no mesmo dia e horário. Para atender ao chamado do Síndico, eu chegaria atrasada, lá pela metade da festa. Meio é coisa embolada mesmo, mas antes tarde do que nunca, caríssimo, escute meu conselho, antes tarde do que nunca.

Fui. Não deu outra.

Vamos ao cenário: os metais, os músicos exímios, coloridos, felizes por estarem no palco. Eles  me chamaram de volta para o Baile, alegre baile que eu já não frequentava mais. Obediente que sou, aceitei  o convite e deixei cair no Baile da Super Banda do Síndico, o melhor síndico que o Brasil já teve. Um  Baile e tanto, com os sucessos que marcaram brilhantemente a carreira de Tim Maia, em interpretações à altura da fama que a original Vitória Régia atingiu por exclusivo mérito artístico. São maravilhosos.  Embalaram muita gente nas pistas e salões, e seguravam a onda com categoria  quando o Síndico já não estava sob o domínio da lucidez.  Certamente Tim olhava o show pela janela, ou estava disfarçado ali pelo meio da pista, só para checar se estava tudo nos conformes. Estava acima dos conformes,e muito,  posso afirmar. Notas musicais no ar, com força e precisão.  A atmosfera era de festa e comemoração. O Mestre foi, mas sua obra genial ficou, sem prazo de validade. Sortudos que somos,  temos os Régios Síndicos que prosseguem executando o legado de Tim Maia à perfeição, como sempre fizeram.

O pretexto, precisa ser dito, era diversão. Mais precisamente, dançar.  Astral para cima, que é nosso lugar, e Vale Tudo.  Amanhã é Um Dia de Domingo, e por hoje  Me dê Motivo.  Na Primavera serei Réu Confesso,  vamos para o forró do Santo Reis, e Que Beleza, que beleza é a Natureza.

A razão, caríssimos, era ser feliz. Ser feliz com a cabeça, com os pés, com o corpo todo. A razão era um  som de arrepiar.

O sub texto - onde repousa o cerne da questão - é que tinha um sax de ouro no palco, E eu vi, e digo porque vi, que era ali, naquele ouro todo, naquele som todo que estavam as entrelinhas do meu texto. Era ali que eu ia escrever os próximos capítulos da minha história.


Agora, a sugestão, essa chave literária que fecha as histórias narradas com qualidade e instiga o leitor a refletir, esta ficará por conta da imaginação do caríssimo.  Abstenho-me. Na minha cabeça, o desfecho deste post está muito bem traçado, em bela partitura, e eu ouço uma música irresistível, tocando linda dentro do meu coração.  Vem  de um sax de ouro, vem alto, de longe, vem da banda boa da vida, vem do destino, que é pai e mãe de toda a razão.


Tinho Martins e seu sax encantado, que toca alto no meu coração, em foto da  premiada Ana Schnneider









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