quinta-feira, 26 de julho de 2012

O vôo de todos nós

Planeta Terra
Boa Viagem



O avião vai decolar 

Senhores passageiros, dirijam-se ao setor de embarque.
Atenção: passaporte, bilhete, volume de mão.
Bagagem para despachar. Check list ok? Muito bom, então.
Avancem pelo detector de metais e dirijam-se ao portão, números decisivos marcadinhos aí no seu ticket de embarque.
Para que esta cena tenha um final feliz, caríssimo, muita coisa tem que estar em ordem. O caríssimo tem que ter chegado na hora certa, ou um pouquinho antes, ou mesmo muito antes, e ter esperado o momento de adentrar `as privilegiadas áreas dos viajantes.

Viajantes, atenção: o vôo parte, e parte mesmo. Quem embarcou, ótimo, está acomodado, valise no porta volumes, cinto atado, e partirá. em segurança.  Atrasado? Só coisa pouca que faça correr um pouquinho, coração disparado bem de leve. A aeronave pode atrasar, em solo, no ar, mas o viajante não pode não. Não tem direito, fica em terra firme, e perde a viagem.


Chegamos até aqui juntos, ou um de nós atrasou?
Meu coração diz que o caríssimo está juntinho comigo e seguiremos neste panorâmico olhar sobre a pontualidade das nossas escolas. Conhecemos tantas histórias assim. Um par de horas no saguão do aeroporto e assistimos o povo entrar, partir. Descer, chegar. Encontrar e desencontrar.
Um par de anos na varanda e assistimos o povo conhecer, acreditar, desacreditar, desistir. Partir do outro, partir de si mesmo. Viajar para outro lugar, ou ficar em terra firme.

Pontualmente.

A vida real tem seus próprios ponteiros. O piloto é mais flexível, e permite (ou impõe) que os caríssimos experimentem e conheçam o companheiro de viagem antes de decidirem se vão, ou se ficam. A decisão precisa ser tomada em tempo hábil. O avião decola.

Esses pensamentos aterrissaram  em minha cabeça nômade trazidos por amiga de asas, que já voou para outras terras, aqui mesmo neste blog.  Chegou agora do azul Mediterrâneo, renovada pela beleza estonteante e pela liberdade desfrutada em mares nunca dantes navegados. Moça fina que é, narrou-me luxos, confortos, alegrias, carinhos. Que maravilha. Terminou seu belo discurso com a interrogação:
 - “ Bebêzinha, já pensou se eu não tivesse ido? Não teria vivido nada disto!!!! Fiquei na dúvida se ia, se trocava de carro, se ia para lá, para cá, para acolá. Muitos lugares para conhecer!!! Ai, eu também vi gente atrasada perdendo vôo, que pena... ”

Juntos de novo, ou tem alguém atrasado a ponto de perder novas emoções? Seria uma pena.

Tratemos, portanto, de escolher nosso destino, procurando aquilo que mais nos apetecerá: quem quer amor, escolhe amar, e tem que ir fundo. Diversão? Tem de monte, mas é em outra plataforma. Amizade? Linda paisagem, confortadora. Carreira?  Solo ou em grupo? é preciso sintonia...

Eu, caríssimos, garanto:  tracei a rota e estou com tudo em cima, de partida para o novo mundo. Passaporte carimbado, mala pronta. Alma limpa, limpinha, zerada, que não dá para viajar arrastando mala emocional. Escolhi o destino, é vida nova, sem medo, que medo é outro problema do viajante. Paralisa, entra em choque, sobrevive a base de álcool e calmantes, o medroso precisa de anestesia, e o meu espaço aéreo é o da lucidez; estou no aeroporto, cheguei na hora exata. Passaporte, bilhete, check list. Ok.   Detector de metais? Pode inspecionar, estou desarmada, aqui não há ameaças; as flores? Ah sim, são enfeitar o caminho. A música? Para embalar o passeio, que sem música não tem graça. E essa boca, é para quê?
Para beijar, que o beijo de amor é a champagne servida na primeira classe.

Escolhi o companheiro, sábio e gentil viajante. Delicioso parceiro.  Escolheu-me, vejam bem, caríssimos, que honra!
Seguiremos juntos nesta viagem, estamos a postos. Chegaremos, se possível, ao paraíso.

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