terça-feira, 24 de julho de 2012

Taj Mahal

Brasil
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Pedras preciosas Palavras Vida


" TajMahal.  Construído entre 1630 e 1652 com a força de cerca de 20 mil homens, trazidos de várias cidades do Oriente, para trabalhar no suntuoso monumento que o imperador  Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Mumtaz Mahal, sobre seu túmulo, junto ao Rio Yamuna. É conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão.   É incrustado com pedras semipreciosas, e sua cúpula é costurada com fios de ouro." (Wikipedia)


A inspiração? O belíssimo e pouco conhecido poema de Cecilia Meireles escrito em sua viagem pela India. Se o caríssimo ainda não provou desse doce da nossa literatura, ofereço de bandeja um pedacinho, aquele que eu mais aprecio:

"Tudo celeste, humano, intocável
Subtraindo-se ao olhar, as mãos
...
Fuga das vozes, livres de lábios, independentes
Continuando-se
...
Entre a morte e a eternidade, o amor,
Essa memória para sempre"
(trecho de Taj Majal, in Poemas na India, de Cecilia Meireles)

Então seguem as palavras minhas, porque não tenho pedras preciosas ou fios de ouro,
ou vinte mil homens para trabalhos forçados,
e ainda se os tivesse, de nada me serviriam.

O monumento intocável que construo tem outra matéria prima
Que não pode ser admirada pelos nossos olhos capitalistas.

Conto com minhas palavras, mais livres que os metais,
( os metais tem seus donos; as minhas palavras não)
Conto com meu amor, mais livre que todos os homens.
(os homens tem seus medos, o meu amor não)

E tal qual no poema da poeta Cecilia
Minha voz está livre dos lábios e reverbera fora de mim.

Cultua, admira, elogia, preserva.
Eleva ao âmbito celeste.
Ergue no silêncio o seu castelo de som 
Ecoa, suave, continuando-se,
como também as vozes dos amantes continuaram no poema da poeta Cecilia.

Meu Taj Mahal é feito da palavra Amor. 
Em sua leveza é mais firme que o mármore,
em sua  simplicidade é mais luxuoso que toda a riqueza.
em sua paz é mais sereno que a paz dos monges indianos,
se existem, se são monges, se tem paz.
Eu garanto que a paz que vem deste Amor é ainda maior.

e ainda que eu fique aqui,
minunciosamente afirmando e apontando e comparando,
e encantando-me com a visão translúcida desta preciosidade,
e supomos que eu consiga, só por suposição, esgotar a linguagem silenciosa do texto escrito,
eu não poderei terminar de explicar como é lindo e único e especial
este meu particular Taj Mahal.

Não poderia.
e nem sei se o darei por concluído a gosto, algum dia.
O meu Taj Mahal tem outra medida, que não se alcança,
que não se limita.
Não se avalia pelo tamanho, pela métrica gramatical, ou por sua dimensão física.

Não. 

Monumento assim grandioso e invisível,
lapidado a duas mãos com muito capricho.
Contínuo, crescente, cuidadoso capricho.
Não resistimos em mais um detalhe de luz,
em mais um enfeite de claro entardecer,
em mais um primor de carinhoso despertar,
sim, porque temos tanto e tanto carinho ao amanhecer,
e eu sei porquê: vemos que não é sonho, é real,
é real o sonho,  é real a cama, são reais as flores, e o Sol.
Esse palácio tem uma janela verde para vermos o mundo,
seus caminhos verdes, suas paisagens imensas,
suas noites, seus brilhos coloridos, suas estrelas.
E tem a câmara para a música,
sagrada música,
onde as notas do meu Amor alcançam perfeitos e hipnóticos acordes,
melodias.

As notas de sua música voam ao nosso redor,
como pássaros mágicos e transparentes,
asas de pétalas,
de cristais.
Vindos de terras distantes,
incenso, ouro e mirra para nosso deleite.
Pousam aqui e ali, surpreendem, 
místicos límpidos explicítos presentes.

Assim, dia a dia,
um recanto e um aconchego a mais, e nosso Taj Mahal se firma, se amplia,
Espalha-se por nós, junta-se, junta-nos, mistura-se, mistura-nos,
Encanta, fascina.

É bem diferente do Mahal da Índia,
Escrito em poema, em viagem, pela poeta Cecilia,
Nossa homenagem imaterial não é (e jamais seria)  um presente à memória do amado.
Nunca.

Nosso monumento erguido de Amor, meu Amor, é um presente entre amados, que agradecem pela Vida.






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