Rio de Janeiro,
lamentável Rio,
lamentáveis notícias.
Lamentáveis Príncipes
Eu quero outro Brasil
Nós o colocamos aí
"Perdemos o que ainda havia de confiança.
Quando dizes que não, eu duvido.
Se vais, náo sei para onde nem a custas de quem.
Quando dizes que farás, e o quê farás, não aposto.
Quando dizes que é pedra, é barro,
e quando afirmas que é água, é ouro.".
Este podia ser o discurso de um amante traído.
De um fim de relação.
Náo é. É do coração do brasileiro, enganado pelo seu Estado Democrático.
Perdemos a confiança no voto. Lutamos, tenazmente, para conquistar o direito ao voto.
Universal. Universal confusáo, esta em que nos metemos.
Votamos para decepcionarmos-nos, tão somente decepção e corrupção.
Perdemos a confiança na Polícia. Nos Hospitais, pelos seus erros médicos, pelas falcatruas com remédios e equipamentos.
Nos legisladores, que legislam para sua classe.
Nos bueiros, que parecem fechados, mas explodem e ferem.
Nas màes e pais, que deviam cuidar e zelar e prover, mas abandonam e surram e privam de alimento, de amor, de orientação.
Não cremos mais nos peritos técnicos, concursados, juramentados. Depositários de nossa atenção, convenciam-nos dos fatos com clareza e precisão. Estavam acima de qualquer suspeita e esclareciam casos insolúveis.
Agora náo mais. Náo sabemos se mentiam antes, quando afirmaram ser de uma menina o corpo de Juan. Não sabemos se mentem agora, pois a pressáo é imensa e tem que aparecer um corpo.
Falham em suas especialidades.
Falham em suas juras.
Falham em seu caráter.
Sucumbem.
Falham, e não podiam. Não os peritos. Não os especialistas. Uma sociedade organizada conta com seus especialistas. Conta com seus líderes, para que garantam o bom andamento e a correta prestação dos serviços públicos.
Coitados de nós, liderados por péssimos Príncipes. Falham estrategicamente.
Escolheram uma péssima tática de dominação, a falta de tática. Querem unicamente encher seus bolsos.
As grandes tiranias da História do mundo tiveram o cuidado de manter o populacho satisfeito, com pão e circo. Com brioches. Com monarquias reluzentes para serem adoradas e temidas. Com espelhinhos para os índios, e promessas de salvação eterna para os fiéis.
Os Príncipes são cínicos. Faz parte. Mas há o entendimento (ou devia haver) de que o povo precisava iludir-se. Precisa existir essa parca preocupação: manter outrem iludido para manipulá-lo. Discursos falsos, interesses econômicos, mínimos ganhos superficiais, demagogias, o que for, mas manipular exige algum esforço dos Estadistas. Exige moeda de troca. Acreditar exige convencimento, ainda que ínfimo.
O desrespeito, para manter-se, exige uma gota de respeito.
No Brasil, em 2011, não. Sem gotas, a seco mesmo.
Salve Zagalo - o melhor Príncipe do nosso século - nosso povo precisa apenas engolir.
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