segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Gatilho da Mentira

Himalaia
Ponto mais alto do mundo
Onde só há gelo
ecos
silêncios

" - Verdade?", Perguntei.
O Eco disse náo náo náo não não não náo náo náo náo náo



Nobres sentimentos esses que nos ensinaram, nas aulas de catecismo, nos livros, nos filmes, nos cursos qualificadores. Temos nossos certificados.

Aprendi a ser analítica, sensata, comedida. Ser lúcida e tomar decisões racionais. Medir probabilidades, resultados. Providenciar soluções.


Blá, blá, blá.

Inúteis aprendizados perante a mentira.

Diga-me a verdade
a dura e amarga verdade mil vezes ao dia.
Justifique, explique, mas fale a verdade
nua, crua e doída.

Para a verdade tenho os certificados, válidos, em dia.

Nunca para a mentira.
Diante da mentira sinto raiva do covarde
(ocultar a verdade é uma grande covardia)

E sentindo raiva, perco o juízo,
e desajuízada entendo os juízes, e suas atenuantes do Código Penal
que diminuem anos de prisão para os assassinatos acometidos por estados de profunda emoção.

Para uns será um flagrante adultério que dispara o gatilho,
para outros o abuso, a grosseria.
Assalto a mão armada, ou furto, o gatilho varia,
mas há um estopim,
e há a bomba. A pólvora e o pavio.

Para mim, senhores, é a Mentira, a arma que atira no meu pé,
e eu grito.
A faca que apunhala,
e com sua lâmina fatalmente me firo.

Tomada de fúria faço loucuras, quero vingança,
quero desaventurança,
varrer a raça, varrer da planície toda a raça,
quero o mundo vazio.
Prefiro.

Furiosa e impotente, pesada e obesa impotência que acompanha o oprimido
furiosa e enlouquecida,
Montanhas de gelo acima e mares salgados adentro,
Repito que náo há opressão maior que a Mentira.

Ironicamente, tal qual sua inimiga, a Consciência,
a Mentira chega tarde, chega atrasada,
e encontra sua vítima, irremediavelmente, sozinha.

- viva o Himalaia, e suas montanhas geladas,
só de ecos, e de palavras sem teor
sem verdade, nem mentiras

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