terça-feira, 19 de julho de 2011

Do facebook para Salvador

Rio de Janeiro
Salvador
Ipanema, Ondina, Pelô


Duas baianas e um vatapá


A amiga de uma amiga de uma amiga de uma amiga me contou.

Preciso repassar.

O sujeito era um mulherengo daqueles. Incorrígivel. Casado com santa senhora,
uma lady. A santa dentro de casa, a fuleiragem na rua.

Mas a rua tem esquinas e nem só de fuleiras vivem as esquinas. Tem gente interessante pelas esquinas, e ele interessou-se.

A coisa foi. Mês, dois meses, três meses, quatro meses. O sujeito exausto. Sai com uma à noite, boemia, shows, gafieiras. Sai com a santa de dia, almoços, exposiçoes, cineminhas. O fôlego do rapaz é monumental. Gosta do esporte e o pratica com vontade.

O sujeito exausto. Uma quer múltiplos, sucessivos, variados. No Rio, em Búzios, nos táxis. Mete a mão por suas calças, abre botóes, zípers, abre sua boca, quer sua língua. Quer mais dele, mais do desejo, mais da vida.

Dá trabalho.

A outra, bem, a outra quer edredon.

Uma esquenta e a outra devora.

Bem, a coisa tem limite. Na nossa sociedade, o limite é próximo.
Muitas redes sociais, e nada como um olhar treinado e murais destravados para derrubar os limites. Fotos abertas, comentários compartilhados. Amigos de amigos de amigos e vai indo. Quem procura acha, quem acha se assusta.

Quem se assusta, grita.
Horrível isto de flagra on line. Era melhor à moda antiga, detetives, conspirações, surpresas. Podia-se dar uns tapas na criatura, puxar cabelo, desmaiar.
O bom de ser traída é poder fazer escândalo. Acusações de cafajestice, empurrar toda a culpa para o outro, ser a vítima, injusta e inocente vítima.
Uma outra opção é olhar friamente e ir embora, no salto. Interpretação perfeita para Bergman, para Deneuve. Que oportunidade para imitar as divas da dissimulação numa cena dessas.

Hoje o texto é outro.

" - Fulano foi tagged com outra no Face.
- Mentira! Mas como ela soube?
- Futucando no face, filha. Chegou nas recents activities... Fulano commented on photo... e aí foi. O wall estava aberto...
- Com AQUELA?
- Sim, AQUELA que vimos com ele.
- Vixe, mas aí nem precisa de facebook..."

Reconheçamos: perde-se um pouco da encenação. Flagra on line é muito contido, em inglês, língua culta. Certas situações exigem belos palavrões em português.

Para piorar, seguiu-se para o tal do Messenger. Quem nunca recebeu isto? É a pimenta do Face. "Fulano sent you a message on Facebook." Você corre na hora para ver o que é. É um alerta, um sinal de perigo, talvez  MENSAGEM, que remonta à REVELAÇÃO. Sabe-se na hora que é coisa séria. Talvez sobrenatural.

Tão eficaz. Incisivo. Era ler e entender. Efeitos: choros, desatinos, vinganças.

No que deu? Salvador. Ele fugiu. Náo aguentou. O sujeito largou as duas e se mandou para o Pelô.

Deve mandar um postal, ou uma messagem dessas no Facebook, a qualquer momento, para a amiga da amiga da amiga da amiga da amiga da amiga. Depois de se conectar de novo, claro.

Porque quem é do mar, náo enjoa. Ou muito me engano, ou o camarada já está por lá com duas baianas.

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