Rio de Janeiro
Lapa, Sacrilégio,
boa e velha Lapa
Vamos mudar tudo de lugar
Há tempo estou para contar essa história,
mas tudo tem seu tempo certo
e é um sacrilégio sabotar o sábio relógio do tempo.
As pessoas saem do Brasil para o mundo,
mas voltam ao Brasil,
e voltam a Lapa,
e encontram pessoas que nunca saíram do Brasil,
mas conhecem o mundo,
e a boa e velha Lapa.
E se encontram como boas e velhas conhecidas,
mas se conheceram há minutos.
E entre palavras e músicas,
descubro que minha nova amiga gosta do meu blog,
porque gosta da forma como arrumo os móveis.
Essa imagem intrigou-me.
Dias e meses passaram, e os móveis realmente mudaram de lugar.
Sim, as idéias são móveis, as palavras tem movimento, os sentimentos se aconchegam pela casa.
São sofá para o conforto, e mesa para as refeições.
São a luz exata do abat jour para a leitura.
O espelho para a vaidade.
As idéias são cama para os amantes,
visíveis filmes pornôs para as paixões.
Arrumo as palavras junto com as idéias,
em gavetas escondidas, ou cristaleiras abertas.
Conforme a censura,
ou a clausura que as cerca.
As palavras são todo meu conforto,
o meu único porto seguro
neste bom, velho e conhecido mundo.
São meus móveis, e eu os arrumo desarrumados
Surrados,
desbotados,
no entanto cheiram como novos.
Há dias em que as cadeiras e mesas estão de pernas para o ar,
as janelas ostentam cortinas escancaradas.
Dias impecáveis em que posso abrir portas e convidar
a fina flor da sociedade carioca.
Receber com orgulho e orquestra em black tye,
Entrem, dancem, o salão está encerado,
e a mesa está servida.
Eis que vem os dias tristes, sós, escuros, vazios, em que não há móveis,
Só paredes nuas e descascadas cercando e sombreando o chão frio.
Dias sem visitas que demoram para passar.
sem plantas sem quadros sem canções
sem almofada nenhuma
É isso mesmo, sou assim mesmo,
Preciso de espaço para palavras móveis e idéias fixas.
Para mudar a pesada estante de lugar,
para lavar lavar a roupa suja,
rasgar decorações e assistir, desesperada,
mais desmoronamentos.
Hoje é um dia diferente. Saiu o caminhão da mudança.
- Quero outra cor nas paredes e uma mobília novinha.
Para Flavia Enne, pássaro brasileiro,
aniversariante de hoje,
com todo o carinho
Inspirador...como sempre!
ResponderExcluirUauuuu! Que venha a nova mobília....rs....
ResponderExcluirBjs querida!