terça-feira, 21 de junho de 2011

A fome dos juízes

Terra Adorada,
Idolatrada,
Salve salve


O almoço será servido

" CNJ aprova auxílio-alimentação para juízes brasileiros

Por uma penada administrativa, os juízes de todo o País passarão a receber, além do salário superior a R$ 20 mil, auxílio-alimentação e poderão, ainda, vender e embolsar 20 dos 60 dias de férias a que têm direito anualmente, além de tirar licença remunerada para fazer cursos no exterior e não remunerada para tratar de assuntos pessoais.

Os integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovaram nesta terça-feira, 21, o texto de uma resolução que amplia as vantagens dos magistrados e permite o pagamento imediato desses privilégios pelos tribunais de todo o Brasil.

Os novos benefícios não têm respaldo da Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979. Para conseguirem esses privilégios, os magistrados argumentaram que, pela Constituição, devem ter o mesmo tratamento garantido aos integrantes do Ministério Público. A Lei Orgânica do MP prevê essas regalias para os integrantes da carreira." (Felipe Recondo, o Estado de S.Paulo, 21 de Julho de 2011)


Senhores, caríssimos e queridos senhores.

A somar todas as verbas divulgadas pela mídia - os 20 milhões do Palocci, salários e gratificações do funcionalismo público, os contratos milionários com a empreiteira Delta, firmados pelo ilibado Governo do Estado do Rio - aos benefícios aos magistrados e membros do Ministério Público, todos nos sentimos absolutamente tranquilos ao afirmar que o Brasil é de uma forma incontestável, um país rico. Riquíssimo. O dinheiro corre fácil e farto nas veias de nossa terra.

Sobra verba e os homens públicos extrapolam. É a vez dos juízes. Conhecidos pelo excesso de critérios e detalhes processuais, e argumentos fundamentados no melhor entendimento, e concursos, e requisitos, esses senhores perdem o juízo quando autorizam, em causa própria, benefício alimentação. Esses senhores perderam o bom senso.

Ascintosamente advogam por si e forçam a interpretação da legislaçao, com tamanha conveniência que assusta. A lei é sua rotina e especialidade; sabem que seu vales e benefícios teriam que ser garantidos por Lei aprovada no Senado Federal, mas por ora servem-se fartamente do Conselho Nacional de Justiça. A Advocacia Geral da União tentará derrubar o apetite judiciário, e confio que tire o doce da boca dos gulosos senhores magistrados.

Seus vencimentos náo sáo suficientes, pobrezinhos. Ganham pouco. Em breve pleitearão também bolsa escola, para seus desassistidos filhos. Benefício é benefício, e ninguém pode ser excluído do abraço paternalista de nosso Estado. Ao Ministério Público, e aos Magistrados, o benefício alimentação.

Engordaráo.

Aos alunos da Escola Pública, merenda estragada. Adoeceráo.

Aos doentes do Hospital Público, a sorte.

Em rede nacional, Fátima Bernardes, acima de qualquer suspeita, afirma que náo há CTI disponivel para uma criança de 7 anos internada na rede pública de Pernambuco.
Provavelmente esta criança falecerá, como outros mil brasileiros do mesmo Pernambuco faleceram por falta de estrutura hospitalar. Neste momento esta criança definha por falta de verba. Por falta de orçamento.

Seus impostos estáo em dia? Os meus estáo. Que bom, pois custearão a licença remunerada para que as excelências estudem no exterior. O quê? Não sei. Alguma ciência de aplicaçao imediata que traga alívio e prosperidade aos pacatos cidadãos brasileiros? Não sei.

Ah, sim, tem mais. A merenda estragada e o hospital sem UTI não são problemas pessoais dos togados. Se fossem, teriam eles dias garantidos de afastamento para resolvê-los, também encarregaram-se de aprovar essa indispensável medida. Podem ter seus problemas pessoais, sim, e compreendem que seu afastamento do exercício jurisdicional náo será remunerado. Que cordatos que são. Assim que os resolvam, voltarão tranquilos para a labuta diária. Minha empregada doméstica náo. Faltou na segunda feira para levar a mãe idosa ao Hospital Geral de Bonsucesso. Não conseguiu que a senhora fosse atendida. Não conseguiu senha. A mãe dela continua doente, precisará retornar ou procurar outro hospital. Vou descontar, ah se vou. Se o Dr.Juiz tem desconto, ela terá também. Igualdade de tratamento, para o juiz e para a doméstica.

O Brasil precisa de uma revoluçao.
E é urgente. Somos ricos em divisas e miseráveis em nosso egoísmo. Ricos em dinheiro, e cegos por dinheiro. Até Dom Miguel do Mosteiro de São Bento e sua cegueira pedagógica.

Esquecem que sem integridade náo haverá, nunca, dinheiro que chegue.

Mas enquanto isso, lavem as mãos. Sentem-se à mesa, será servido o almoço.
Os juízes e magistrados e outros que o valham teráo sua conta paga pelo sagrado benefício alimentação.

Nota: com as devidas desculpas ao meu amigo Adriano, juíz, e gente boa para caramba

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