Rio sem preconceito
com educação e saúde
com respeito
Espelho espelho meu
Existe alguém mais sem preconceito do que eu?
O Rio é, e sempre será, a terra da Liberdade
A Prefeitura do Rio de Janeiro delegou o Projeto Rio Sem Preconceito a Carlos Tufvesson, sob a supervisão da Coordenação Especial da Diversidade Sexual. Em festa impecável, ímpar em organização, foram premiadas as personalidades do ano de 2011 que mais contribuíram e se destacaram na luta contra os preconceitos de cor, raça e religião.
Premiados: Luciano Huck, Lucinha Araújo, Matheus,o jogador de vôlei, o deputado federal Jean Willis, Lea T, o ministro Ayres, o rabino Milton Kunder, Bruno Chateaubriand, Gilberto Braga, Ricardo Linhares e Preta Gil.
Reunidos, seus salários atingem três dígitos facilmente.
Linda festa. Apresentadores Cristiani Torloni e Toni Garrido. Bebel Gilberto cantou acompanhada por Pedro Baby. Luis Salem e Aluisio Abreu subverteram Je ne regret rien, ficou fantástico, e o elenco de Hair fechou a premiação com Deixe o Sol entrar.
Famosos, famosos, artistas, diretores, cantores, travestis, políticos, o prefeito e sua elegante esposa. Champagne. Flashes como trovões.
Senhores. O preconceito, sinto dizer, não está na elite econômica.
A elite já se protegeu. Os direitos a herança, pensão, doação já foram resolvidos com o casamento dos iguais em gênero e afeto. O preconceito está na falta de educação e de saúde.
Na falta de oportunidades de trabalho.
Na falta de orçamento para capacitação de professores.
Na falta de boas creches públicas para crianças até seis anos de idade.
Na falta de serviço psicológico gratuito.
Na falta de incentivo ao esporte, a música e ao teatro.
Enfim, na falta de tudo que nos torne um ser humano melhor.
A elite não precisa de prêmios. Já tem os seus ganhos, e são muitos. Muito bem empregados e instruídos, e vestidos, e resididos, e perfumados. As festas de Bruno Chateaubriand e seu companheiro André Ramos sempre foram disputadas. Aceitos e queridos pelos seus próximos, como tantos outros casais gays, merecidamente conquistaram o direito de legalizar sua situação. A transexual Lea T é filha de Toninho Cerezo e hoje desfila para a Maison Dior. Seria assim se tivesse nascido no complexo do Alemâo?
Lea T desfila na Europa
Ser rico e ter bom sobrenome derruba qualquer preconceito e abre qualquer porta.
Quero ver o Rio sem Preconceito nas comunidades. No investimento em educação, moradia e transporte de qualidade. Quero ver o preconceito contra o pobre acabar; o preconceito não é sexual, é social. Vamos confessar, mirar-nos nos espelho da verdade. Rejeita-se o pobre. Um negro mal vestido é bandido. Um negro bem vestido é um negão de tirar o chapéu. Uma negra da Baixada, magra e mal vestida é mendiga. Uma negra do Leblon, magra e bem produzida é maneca. Transexual pobre é traveco, travecão. Rico, é top model.
O Rio sem Preconceito parece-me a exploração do filão gay. O paparico ao melhor cliente, o que comprará as mercadorias mais caras.
Abonados e bem sucedidos, sim, lutam, estudam, buscam. Tenho muitos amigos gays que ganham melhor e são mais competentes que muitos heterossexuais. Buscam atingir a independência econômica cedo, para que se façam respeitar.
O Estado do Rio quer lutar contra o preconceito? Trate seus cidadãos com igualdade. Possibilite a todos as mesmas oportunidades. Vá além dos rótulos e elimine o preconceito de uma vez.
Não precisa festa, nem coordenadoria especial. Não precisa premiação, nem socialites maquiadas.
Precisamos sim, é de respeito ao cidadão nos atos administrativos do Estado. A todos os cidadãos, pobres e ricos.
Esse é o prêmio que merecemos todos, o prêmio da dignidade.
Prefeitura do Rio - para pobres, ricos, heteros e homos... Para todos
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