terça-feira, 28 de junho de 2011

Hay que reformar, sin perder la ternura

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A Revolucionária e sua Luta Diária

Esta que vos fala, e Aleida Guevara, a que luta por seu povo e honra o nome de seu pai, Che Guevara



Caríssimo, vi, ouvi, aplaudi. Momento histórico de minha fugaz existência. Estive lado a lado com Aleida Guevara, a filha de Che Guevara, o corpo vivo e a alma eterna da Revolução Cubana.

Não vou enaltecer Cuba e seu sistema que deu certo. Relatarei aqui suas palavras, sábias, simples, solidárias, justas, enfeitadas pelo lindo sotaque cubano, e pelo seu olhar, direto e tranquilo. Sem pretender convencer ninguém de nada, convence a todos de tudo. Esta que vos fala, cujo ato de maior audácia é escrever, foi plenamente convencida por Aleida de que é preciso revolucionar. Mas comeces por ti, criatura, ela ensina: "O Homem Novo é aquele que transforma a si mesmo e à sociedade. Jamais está pronto, está sempre aperfeiçoando-se."

Sim, os cubanos se transformaram. De empregados explorados dos norte-americanos para donos de Cuba. De lavradores miseráveis em produtores. Detém os meios de produção e os meios de comunicação, que abastecem e informam su pueblo. Tem rádios e televisão com 5 programas diários para a educação política dos jovens. Conhecem sua História, sem segredos, em prosa e verso. Tem mais e melhores hospitais e escolas que todo o Brasil. Estão agora lutando contra o analfabetismo científico, pasmem.

Mas isto não é de graça, como explica a líder internacional. Isto custa trabalho, e sacrifício. "Uno piensa como vive. Si vive solo para si, piensará solo en su bien estar, jamais en el ben estar social". Viver com foco no bem estar social. Ter consciência social. Como fomentar tal virtude? Ela ensina: através do trabalho voluntário, onde o ganho é entender-se útil. Através do constante diálogo com os jovens. Acrescenta que a "revolução não é para levá-la na boca para fora. É para trazê-la no coração".

Várias perguntas foram feitas pelos presentes. Percebo com tristeza que a maioria quer mais é falar de si, promover-se, citar seus feitos e conhecimentos, do que perguntar. Mas Guevara Filha é uma dama. Respeita os egos. Aguarda que terminem. Anota suas perguntas, para respondê-las com precisão. Encontro uma colega de faculdade, e mudanças à parte, nos reconhecemos. Bem criadas, alimentadas e medicadas, sofremos com a dor e as privações dos inocentes de nosso Brasil. Ela pergunta, apropriadamente, como Cuba vê o papel feminino na sociedade, como lidam com o aborto, e que acham de termos uma mulher na Presidência.
A Sra. Aleida elogia as cubanas. Dizem que sabem fazer-se respeitar e estão ombro a ombro com o homens. Diz que chegaremos ao momento de escolher o melhor Presidente, não importa se homem ou mulher, o que interessa é que seja o melhor capacitado. O aborto é livre, e realizado com segurança em hospitais muitíssimo bem aparelhados - aliás, Cuba ofereceu bolsas de medicina a jovens e jovens latino americanos, brasileiros inclusive. Foram. Cursaram e concluíram com louvor sua graduação. Retornaram aos seus países de origem, e seus diplomas não foram reconhecidos. Temos milhões de crianças sem assistência médica. Essa é Cuba. Esse é o Brasil.

Chega a minha vez de perguntar. Tremo, nunca estive diante de pessoa de tantos feitos, com a carga genética do guerrilheiro. Ela, que constrói uma sociedade justa, com o amor e a firmeza necessárias para que se lo cumpra, a sra. Guevara está a dois metros de mim, vejo suas mãos, que pegariam agora mesmo em armas se necessário fosse. Indago qual, dentre as muitas ações tomadas nos últimos anos, a que garantiu o aumento da qualidade de vida de su pueblo, e qual, dentre as ações que os brasileiros devem tomar, seria a mais urgente para nuestro pueblo.

Levanta-se, e me olha nos olhos. Se disser-me neste momento que eu largue tudo e junte-me à sua luta irei sem pestanejar. Não o faz, mas já juntei-me à sua luta sim. Responde que o melhor que fizeram foi fortalecer a economia cubana. Sem uma economia desenvolvida não se desenvolverão a educação e a saúde. E diz que o que temos que fazer, urgente, é a Reforma Agrária. Enquanto as melhores terras estiverem nas mãos de 27 famílias teremos fome no Brasil. Prossegue afirmando que somos o único país que tem a Reforma Agrária na sua Constituição, e que, sin embargo, no la hicemos.

Aplaudida, aplaudida, aplaudida.

Um argentino pede que fale sobre a internet e qual a relação com a China.

"Não podemos pagar por acessos individuais", ela informa com a maior dignidade. " Os médicos e professores e estudantes tem correio eletrônico, e os computadores que temos são fruto de negociação com os chineses". Sim. Os cubanos não tem internet em suas casas, a banda larga é caríssima. Sem vergonha nenhuma. Não podem pagar, não tem. Ponto.

Mas todos tem casa, comida, saúde, e prosperidade. Vivem de cabeça erguida, saudáveis, alimentados, prósperos.

São respeitados dentro e fora de seu país. Morreram em lutas armadas, em menor número que nossos mortos por desnutrição, por fome, por acidentes de trânsito e por falta de assistência médica.

E Cuba tem essa luz, essa Aleida Guevara, a protegê-los e lutar por eles.
Terão,certamente, tudo o que precisarem.

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