segunda-feira, 13 de junho de 2011

Martha Medeiros e Fernando Pessoa

Rio de Janeiro
Domingo
Dia dos Namorados


Palavras sobre o Amor



Adoro Martha Medeiros.
Não sei o que viveu para ter tanto conhecimento, em profundidade e variedade, sobre as realidades tão diversas do Amor, ou se sua sabedoria é fruto de cuidadosa observação.

O fato é que impressiona como sempre nos identificamos com o que escreve, ora mais, ora menos, ora totalmente, mas sempre o que diz parece conhecido, soa como vivido.

Neste especial dia 12 de Junho, em sua página dominical, ela explica que amamos apesar de. Apesar dos defeitos que náo vimos nos primeiros meses, apesar das diferenças e concessóes que precisam ser feitas em nome da harmonia do casal. Apesar de mágoas e frustracões. Prossegue justificando que essa superaçao tem por objetivo estarmos inseridos no universo emocional do outro. Termos emoçoes em comum, uma interseçao de vidas que recompensa esses pequenos (ou grandes) sacrifícios.

Sendo Martha Medeiros quem é, pus-me imediatamente a concordar: certíssima. Meu primeiro marido era alcoólatra. Amei-o assim mesmo. O segundo, mulherengo. Amado também. O terceiro, alcoólatra e mulherengo. Não faltou-lhe, em nada, Amor.

Parei. Espere aí Martha. Não é apesar de. É porque. O defeito do outro faz com que sua qualidade apareça. Quanto mais ele bebe, mais comedida sou. Quanto mais mulherengo, mais fiel. Quanto mais perdulário, mais sou produtiva. Grosseiro? Seremos carinhosas e gentis. Treinamento para santa. Gostamos tambem de sermos AS BOAS, AS MARAVILHOSAS, O MULHERÀO.

Precisamos mostrar nossas qualidades. Os defeitos de nossa cara metade destacam nossas virtudes, tornam-nos assim mais heróicas e competentes. Amar um príncipe é facílimo e todas podem fazê-lo sem nenhuma dificuldade; e viver a sombra do príncipe não queremos. Não vemos, nunca vimos nem veremos graça no príncipe. Queremos oportunidade para desenvolturas emocionais, para competições. Desafios.

A grande questáo entre os casais náo são as personalidades distintas, e aparentemente incompatíveis. Sáo as satisfações.

O homem se satisfaz com a busca. Ama porque busca.
A mulher se satisfaz com o encontro. Ama porque pensa ter encontrado.

Quando o homem acha que conseguiu, ama menos. Precisará de outros objetivos.
Quando a mulher acha que encontrou, ama mais. Não precisa de mais nada.

Fecho com Fernando Pessoa, ilustre aniversariante de hoje, poeta vivo. Suas palavras são estrelas, constelações eternas no espaço sideral.

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?" (Fernando Pessoa)


Neste dia dos Namorados, Meu Amor, esse Te Amo, assim, simples e descomplicado é tudo que posso dizer-lhe. Espero que baste.

2 comentários:

  1. Bettina,

    Parabéns pelo texto. Tenho lido muito os textos e poesias de Martha Medeiros. Também estou impressionada com a capacidade dela em pontuar temáticas cruciais relacionadas ao cotidando.

    Viva o amor!

    E já que estamos falando sobre o tema:

    eu quero
    amor piscina
    que sobe e desce trampolins
    cai e sai nadando
    amor em que se afunda e simplesmente
    sai se amando.
    Martha Medeiros

    In: MEDEIROS, Martha- Poesia Reunida, L&PM Pocket, Porto Alegre, 2010.


    Beijos!

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  2. Querida Eliane, obrigada.
    Como Martha adquiriu tanto conhecimento?
    Náo sei. Sei que gosto.
    Obrigada pela fofura do amor nadador...mergulha e volta à tona....
    beijos

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