Limbo
Vácuo
Solidão
Rio de Janeiro
Território Deserto do meu coração
Veio a inquisição,
Esconda-se bruxa,
vieram os fatos
Reais e deturpados.
Revelam-se confissões
Gemidos, delírios.
Sonhos acorrentados.
A bruxa enfim queimará na fogueira
Pagará pelos seus feitiços
Pelas suas gargalhadas
Pagará pelos pecados
Pelos beijos roubados.
Pelas noites de música e de luar.
A bruxa por tudo e por todos pagará.
Da onde veio o inquisitor?
Estava disfarçado.
Covardemente invisível,
Veio de perto, de longe,
Veio não se sabe como,
Mas veio, dedo em riste.
Confessemos: a bruxa pediu.
Era mesmo irresponsável.
Sentia-se livre, mas não era,
andava solta, quando devia ocultar-se.
Esqueceu da época em que vivia,
E que de cega, só havia sua vítima.
Esquecia dos delatores,
Espiando, tramando.
Apontando.
Seu destino era, portanto, previsível.
Mão pesada do castigo carregado da dor fermentada
Porque o oculto, mesmo suposto, fermenta
Cultiva
Alimenta
O pretenso silêncio protege
E com proteção, ainda que pretensa, o segredo cresce.
O inquisitor venceu e somos todos culpados.
Nesta fogueira ardem os três.
O cúmplice, a bruxa, e a cega vítima.
Os três estão condenados.
Foram acusados e julgados.
Onde havia comemorações,
há solidão,
onde havia abraços,
há vazios espaços.
E por onde a bruxa entre risadas voava.
ficou um buraco, um poço vazio, um vácuo.
Ela caiu, céu abaixo.
Parabéns, inquisitor,
parabéns seu covarde.
Dentro de sua capa negra estás vitorioso.
Sei que és um dos me lêem, escrevo para ti.
Quero que saibas que sou sim a bruxa,
mas que não sou surda nem cega,
Eu te descobrirei enquanto ardo.
Não se exaspere; um dia o inquisitor que agora te aponta cairá sob o feitiço da bruxaria que ele mesmo ajudou a preparar!
ResponderExcluirJá foi! Esquece! Segue o teu sereno caminho com esse lindo sorriso, fazendo doces feitiços...
rs...bjs!