Rio de Janeiro
Coração de Copacabana
De novo o rádio e suas notícias.
O locutor informa claramente
que em 3 semanas a Escola de Realengo
receberá de novo seus alunos.
Esse prazo foi estabelecido por psicológos e educadores.
Não haverá cerimônias,
nem homenagens.
Nem flores.
Não há tratamento terapêutico.
A educação precisa prosseguir.
Três semanas será tempo suficiente
para que a processo didático prossiga normalmente.
E no primeiro dia da quarta semana estarão uniformizados
em suas salas.
Atentos aos professores,
ignorarão os fantasmas.
Algumas pessoas me intrigam.
Trazem para si o poder raro de definir situações
indefiníveis
e de prever prazos e consequências
imprevisíveis.
Carregam altivas, ou em discreta postura
Fórmulas e receitas
para uma existência melhor e mais segura.
Chocam-me.
Passarei um e mail para eles
perguntando em quantos dias estarei curada.
Hei de me dirigir a esses sábios que passam ao largo das feridas
e afirmam que decorrido o tempo estarão cicatrizadas
"- Prezados,
por favor.
Carrego cicatrizes de longa data
que não fecharam.
Ardem.
Não fui informada do tempo hábil."
Agora já sei que para os sobreviventes é diferente.
Em três semanas a rotina falará mais alto que a dor
Em três semanas os alunos voltarão a estudar
Em três semanas voltarão a ter horários e disciplinas
Em três semanas brincarão no pátio.
Está dito por eles: será assim.
Quem quiser acredite,
no locutor,
nos psicológos,
nos loucos
ou em mim.
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